Criatividade: dádiva de Deus ou habilidade aprendida?

A criatividade é um dom raro que somente umas poucas pessoas têm ou uma habilidade que pode ser desenvolvida pelo treinamento e prática?

Há algum tempo, coloquei esta pergunta na rede do LinkedIn (http://www.linkedin.com/in/siqueira) e obtive respostas de várias partes do mundo. Selecionei algumas, com diferentes pontos de vista. Qual a sua opinião? Sinta-se à vontade para deixar seus comentários ao final deste artigo.

Marcello Pinheiro – Brasil:

Criatividade é algo que qualquer um pode desenvolver. Certamente, aqueles que realmente perseguem o objetivo (99% trabalho duro + 1% talento) podem ter mais sucesso do que aqueles que são talentosos. A diferença fundamental está em até que ponto estamos apaixonados pelo que fazemos.

Peter Kovacs – Nice, França

O único diferenciador entre pessoas criativas e não criativas é que as pessoas criativas pensam que são criativas. Não criativas pensam que não o são. Nós todos nascemos para ser criativos, é uma dádiva que somente temos de aprender como recuperá-la. Nas escolas aprendemos como não ser criativos, mas alguns resistiram.

André Munhões – Brasil:

Apostaria na resposta: ambos. Acredito que todos nós temos certo tipo de dom inato, ou seja, que nascemos com ele. Porém, a vida nos sugestiona e nos desafia às nossas próprias percepções, ela nos impulsiona através dos problemas a potencializar o dom da criatividade. Você até pode nascer com este dom, mas se este dom não for trabalhado, como um jarro de barro nas mãos de um oleiro, será infértil, infrutífero.

Walter Sargent – New York:

Eu gosto do que Rick Jarow e Julia Cameron têm a dizer sobre criatividade. Eles defendem que cada um de nós é naturalmente criativo. Jarow indaga, “e se a criatividade não for algo que fizemos, mas um modo de ver?”. O talento criativo não é um clube exclusivo. Isto é como pensar que somente certas pessoas podem ser singulares. O que acontece é que algumas pessoas aceitam e expressam sua singularidade e outras não. Criatividade é como um raro presente que nos concedemos: a permissão para sermos nós mesmos. Nossa singularidade continua a ser o ponto principal.

Rosana Zenezi Moreira – Brasil:

Jairo, eu acho que a criatividade pode ser desenvolvida. As pessoas nascem com a mente aberta, mas no decorrer da vida podem tornar-se mentes fechadas. Isso ocorre por que elas não exercitam alguns potenciais internos.

Certa vez li que muitas pessoas delegam suas vidas para outras pessoas tomarem conta e, com isso deixam de pensar. Algumas vezes, elas se deixam aprisionar por toda a vida, mas outras fazem suas próprias escolhas e superam as barreiras. Este é um momento interior de criatividade. Este momento é chamado de “salto qualitativo”. Depois deste momento, as pessoas podem ler, treinar e praticar, enfim, desenvolver suas próprias competências e explorar a criatividade que têm em suas mentes. Obviamente, há pessoas que nascem com um dom especial, mas em meu ponto de vista e, segundo textos que li, o mais comum é desenvolvermos a criatividade. É o mesmo que a inteligência emocional, podemos aprender a desenvolvê-la.

Adail Muniz Retamal – Brasil:

Eu penso que todas as pessoas são criativas! Talvez nem todas criem um vídeo de propaganda divertido, nem um produto revolucionário. Mas preste atenção como todos sobrevivem… As pessoas têm de ser muito criativas para ganhar a vida. Nossas crianças são muito criativas também. Observe-as!

Em minha opinião, o maior problema começa na escola. Geralmente, as escolas são destruidoras da criatividade. Mas algumas pessoas são tão criativas que conseguem escapar das armadilhas escolares e não permitem que os estragos sejam muito grandes.

Existem muitas escolas de criatividade. Eu realmente aprecio o trabalho de Edward De Bono (Os Seis Chapéus Pensantes, Pensamento Lateral, etc.). Também faço uso extensivo dos Processos de Raciocínio da TOC (Teoria das Restrições), propostos por Eliyahu Goldratt, que me fornecem uma gama de ferramentas para ser criativo de forma metódica.

Em resumo: o Criador é muito Criativo, assim como nós Suas Criaturas, criadas à Sua imagem e semelhança. E nós podemos desenvolver nossa Criatividade pelo resto de nossas vidas! Só depende de nós mesmos!

Olli Kuismanen – Finlândia

Certamente, algumas pessoas têm tendências naturais que as tornam mais criativas do que outras. Eu vejo pelo menos duas dimensões:

  1. Com que facilidade uma pessoa gera novas ideias (isso está mais relacionado à dimensão do ceticismo interno que mata as ideias, antes mesmo delas serem expressas).
  2. Qual é tendência natural da pessoa em externalizar suas ideias. Isto está diretamente relacionado ao perfil extrovertido-introvertido. Os extrovertidos são mais facilmente considerados criativos porque eles expressam em voz alta cada ideia maluca que têm ;-).

A chave real é que qualquer um pode aprender a ser criativo, se a definição significar a habilidade de criar algo realmente novo e ser capaz de escapar dos modelos de pensamento. Diferentes tipos de personalidade requerem diferentes tipos de métodos e habilidades. Concluindo, a criatividade pode ser desenvolvida, algo como um treinamento reverso para superar as habilidades baseadas na lógica ensinadas nas escolas.

Karl Garrison – San Diego, California

Bem, falemos sobre a pequena criatividade e a grande Criatividade. Certamente, todos nós temos a pequena criatividade – fazer bolinhos em forma de coração no dia dos namorados, criar belos convites, apresentações impressionantes ou tocar um instrumento musical. O treinamento pode melhorar isto muito, assumindo que há interesse, pois as pessoas que não são criativas geralmente não valorizam esta habilidade e não a desenvolvem.

Mas é ridículo dizer que todos podem ter a grande Criatividade, mesmo com treinamento. É como a inteligência: certamente pode-se treinar as pessoas para que façam as coisas melhores, mas o verdadeiro gênio é muito raro. De forma similar, poucas pessoas podem ser super criativas e gerar ideias super inovadoras e capazes de mudar o mundo. Você deve ter uma habilidade inata, contudo o ambiente determinará se você crescerá de modo a usar efetivamente esta dádiva.

Se você prefere chamá-lo de uma dádiva divina ou genética, eu deixo o debate para os filósofos, embora eu esteja quase certo da resposta.

Omar Bitar – Malta

Todos podem ser criativos, mas nem todos conseguem expressar sua criatividade efetivamente, e muitos poucos conseguem implementar suas ideias criativas. Ao invés de se preocupar se uma pessoa é ou não criativa, necessitamos verificar se o ambiente, seja na esfera pessoal ou na organizacional, permite que a criatividade se expresse! Não é suficiente recrutar pessoas criativas, se a organização não tem processos ou estruturas que direcionem e deem suporte ao desenvolvimento da criatividade, em primeiro lugar.

Eileen Bonfiglio – Palm Beach, Florida

A verdadeira criatividade é uma dádiva. Podemos aprender o pensamento lateral para entender e empregar as técnicas de criatividade? Sim. Isto é o mesmo que criatividade natural? Não.

Frank Ruiz – Stockton, Califórnia

Eu diria AMBOS. É uma dádiva e é uma habilidade adquirida. Assim como algumas pessoas têm um talento natural para tocar piano, outras têm que gastar anos de aprendizado para alcançar o talento natural. Em ambos os casos, se uma dádiva ou não, tem que ser usada e cultivada. Como todo recurso, a criatividade tem de ser usada, esticada e pressionada para crescer e ser aprimorada.

Vaughan Woods – Singapura

Eu penso que a criatividade é inata. A aplicação bem sucedida da criatividade, pouco importa se ela for pequena, é aprendida.

Robin Cole Hamilton – Londres, United Kingdom

Quando crianças, nós somos criativos sem limitações, um estado que o mundo adulto faz tudo para erradicar, na medida em que crescemos e somos educados para a conformidade e a pensar “normalmente”. Esta criatividade na juventude é uma dádiva da natureza, eu diria. Preservá-la ou redescobri-la é um ato de vontade antes que uma habilidade, e frequentemente requer pouco mais do que a capacidade de não se aborrecer por estar errado, ser extravagante ou não convencional. Infelizmente, para muitos de nós, o desejo de não ser muito diferente sobrepuja outros instintos mais produtivos.

Ray Miller – Cincinnati

Eu considero que cada um tem a “dádiva”, nem sempre reconhecida ou em uma forma reconhecível. O que nós comumente reconhecemos como criatividade é a habilidade mental de ver as coisas de um modo particular, que guarda na mente o que foi feito, o que é possível e que não foi pensado antes. Em alguma extensão, a curva normal se aplica aqui como em todo empreendimento humano. Algumas pessoas são incrivelmente criativas, outras nem tanto.

E eu penso que, independentemente do nível de criatividade que você tem, ela pode ser fortalecida e desenvolvida, se dada a oportunidade, o suporte e o interesse.

Raj Aphale – India

Ambas. Eu sou um estudante da música clássica indiana e eu tenho testemunhado isso. No mundo dos negócios, eu tenho observado esta combinação também.

Algumas pessoas nascem com a criatividade, e a combinação certa de treinamento e ambiente pode ajudar este florescimento. Algumas pessoas não abençoadas com a criatividade podem tentar arduamente, podem atingir alguma altura, mas não grandes alturas.

É como o diamante. Tem que ser um diamante primeiro (nascimento), depois tem que ser cortado e lapidado adequadamente (treinamento e prática) para que sua beleza apareça, e finalmente, tem de ser colocado numa bela base de ouro ou platina (cultura organizacional), de forma que o melhor do diamante seja visto e apreciado por todos.

Zulkifly Jamaludin – Malasia

Eu estou certo que cada um tem sua própria habilidade para ser criativo. Provavelmente, ele ou ela precise de orientação para ser capaz de enxergar seu potencial a ser liberado. Como humanos, nós estamos sempre sujeitos a falhas na nossa vida diária.

Howard Halpern – Toronto, Canadá

A resposta é “sim”. É tanto uma dádiva de Deus, como uma habilidade adquirida. É um dom que muitos têm, poucos têm a coragem de usar; é uma habilidade que pode ser desenvolvida por treinamento e prática.

O que é aprendido pelo treinamento e prática não é uma dádiva de Deus menor do que o dado para nós no nascimento. Tudo o que somos capazes de obter é uma dádiva de Deus, porque a capacidade de se submeter ao treinamento e a habilidade de praticar são ambas dádivas de Deus.

Todas as coisas boas são dádivas, e não há esta coisa como uma dádiva que não venha de Deus. Dando crédito a Deus, sua personalidade superior, o oposto do ego, a personalidade inferior, é o melhor caminho para assegurar que você continue a receber dádivas, das quais as mais valiosas não são as materiais.

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3 comentários sobre “Criatividade: dádiva de Deus ou habilidade aprendida?

  1. Sou ateu e então a resposta óbvia para mim seria que é uma habilidade adquirida, mas pensando melhor, acho que é uma habilidade não-perdida, pois quando nascemos somos todos criativos, nossa mente é livre para pensar e formular idéias devido a ausência de regras. Entretando o mundo nos impõe isto e faz com que nós deixemos de lado isso e atribua esta para o suposto criador do universo.

    E muitas nós produzimos idéias e por falta de incentivo, preconceito e o ambiente, nós deixamos de amadurece-la.

    Bloqueios mentais são sempre importantes, e este pode definir alguém criativo ou não. Uma pessoa com esta habilidade geralmente é extrovertida e tem facilidade de comunicação e por isso tende a observar mais o mundo a sua volta.

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  2. Cada vez mais surpreendente, quero introduzir esses elementos que desbloquiam a mente em consultórios.
    Uma dica, introduza a imaginação com relaxamento. Se quiser o artigo, posso enviar-lhe.
    Parabéns!
    Drª Leila Sara

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  3. Está deslumbrante! É raro encontrar um escritor de assuntos diversos, referirem-se ao Senhor Deus. _Porque fugir da veradade se ele é o dono de tudo?
    Obrigada pelas palavras neste assunto.
    Sou sua fã.
    Drª Leila Sara

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