12 dicas sobre como realmente aprender com seus erros

A inovação implica em assumir alguns riscos, testar novas ideias e, eventualmente, cometer alguns erros. Os erros acarretam inconveniências como o aumento de custos e atrasos nos projetos, mas podem trazer valiosas oportunidades de aprendizado. Contudo, os erros somente geram aprendizado quando nós os reconhecemos, admitimos nossa responsabilidade e refletimos honesta e disciplinadamente sobre suas causas. Nestes casos, o aprendizado se fundamenta na identificação das causas dos erros cometidos, especialmente daquelas que foram originadas pelas nossas atitudes, convicções e preconceitos.

A lista a seguir pode ser usada para guiar seu processo de reflexão e aprendizado com seus erros:

  1. A aceitação da responsabilidade é essencial para tornar o aprendizado possível.
  2. Não iguale o erro honesto resultante de um experimento planejado com erros devidos à irresponsabilidade, incompetência ou descaso.
  3. Você não pode mudar seus erros, mas você pode escolher como responder a eles.
  4. O crescimento começa quando você pode ver espaço para melhorias.
  5. Procure entender porque o erro aconteceu; investigue para conhecer suas causas.
  6. Que sequência de pequenos erros levou ao grande erro?
  7. Que informações poderiam ter evitado o erro?
  8. Há alternativas que poderiam ser consideradas, mas não o foram?
  9. Que mudanças são necessárias para evitar a repetição deste erro?
  10. Que tipos de mudanças são difíceis para você?
  11. Que tipo de comportamento você precisaria mudar em situação semelhante?
  12. Mas não se iluda, a próxima situação não será idêntica à última. O erro pode até se repetir, mas as causas e conseqüências podem ser diferentes.

Qual a sua opinião a respeito das dicas acima? Você acredita que os erros podem ser realmente fontes de aprendizado?

  • Concordo e sempre aproveito meus erros para aprender e melhorar.
    • Concordo, mas raramente aproveito meus erros para aprender e melhorar.
    • Concordo, mas ainda não tenho o hábito de refletir sobre meus erros.
    • Discordo, não creio que os erros possam ser uma boa fonte de aprendizado.

Use o espaço “Comentários” abaixo para sua opiniões e contribuições. Obrigado.

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Biomimética: criatividade inspirada na natureza

Biomimética (imitação da vida) é o ramo da ciência dedicado a entender os princípios usados pela natureza e usá-los como estímulos para inovações. As inovações da natureza, que têm sido desenvolvidas a aperfeiçoadas continuamente por milhões de anos, fornecem um estoque inesgotável de ideias e soluções engenhosas. Além das contribuições às inovações tecnológicas, estas ideias têm contribuído também para a causa da proteção ambiental.

Muitos dos conceitos inovadores que os engenheiros e cientistas estão adotando da natureza correspondem ao princípio da sustentabilidade. A natureza sempre alcança seus objetivos com economia, com um mínimo de energia, conserva seus recursos e recicla completamente seus resíduos. Pesquisadores de diversas áreas estão estudando as soluções encontradas pela natureza e procurando adaptá-las na solução de seus problemas e na inovação de seus produtos.

Em artigo anterior, Desvendando os segredos dos grandes inventores, vimos dois exemplos de inovações baseadas nas lições da natureza, as invenções do velcro e da máquina de descaroçar algodão. Um exemplo mais recente é o projeto do carro biônico da Mercedes-Benz. O projeto deste carro se inspira no pequeno Peixe-Cofre (Ostraction Meleagris). A despeito de seu corpo em forma de cubo, este peixe tropical apresenta uma aerodinâmica extraordinária. Ele é também um exemplo único de combinação de rigidez e leveza. Sua pele consiste de numerosas placas ósseas hexagonais que resultam em máxima resistência e peso mínimo que protegem efetivamente o animal.

Os pesquisadores da Daimler Chrysler examinaram esta estrutura biônica e transferiram este princípio para o projeto do carro. Os resultados foram notáveis:

  • mais de 40% de aumento da rigidez no painel externo da porta em relação aos resultados que se consegue com os métodos convencionais;
  • o peso total da carroceria reduzido em torno de um terço, sem diminuir a resistência e a segurança no caso de colisões;
  • os testes revelaram uma aerodinâmica equivalente aos melhores resultados já obtidos nas pesquisas da indústria automotiva.

Outras interessantes pesquisas realizadas para estudar as soluções da Mãe Natureza e adaptar seus princípios na melhoria de produtos e métodos:

  • o nariz dos golfinhos é o modelo para uma protuberância em forma de pêra na proa do navio, que possibilita cruzar os oceanos com menor resistência da água e redução do consumo de combustível;
  • os engenheiros do Airbus copiaram a áspera pele do tubarão para desenvolver uma lâmina que cobre a asa do avião, resultando uma redução superior a seis por cento na fricção e considerável economia de combustível;
  • superfícies auto limpantes baseadas nas folhas do lótus.

Nós, os humanos, temos usado os recursos naturais de forma totalmente ineficiente e perdulária, com elevados custos ambientais. A biomimética nos oferece um caminho para aprender com os seres vivos como resolver nossos problemas de forma sustentável.

Se estiver interessado em conhecer mais sobre a biomimética, recomendo a leitura do livro Biomimética: Inovação inspirada pela natureza, de Janine Benyus.

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Por que exaltamos a criatividade, mas rejeitamos as ideias criativas?

A maioria das pessoas exalta e admira a criatividade, mas, com muita frequência, elas assumem uma atitude de reserva e mesmo de resistência quando apresentadas a ideias inovadoras que afetam seu trabalho ou modo de vida. A criatividade não somente revela novas perspectivas, mas traz também a incerteza e o desconforto da mudança. Ela traz a ruptura com o passado e com rotina, com o que nos é familiar.

A tendência para nos mantermos no terreno que é conhecido, seguro e confortável nos leva a minimizar, ou mesmo ignorar, as evidências da oportunidade e necessidade de ideias inovadoras. O viés conservador é tão sutil que as pessoas não percebem como ele pode interferir negativamente na avaliação e aceitação de uma ideia criativa, mesmo quando precisam desesperadamente de novas ideias.

Na mitologia romana, Janus é o deus da transição, do movimento, das portas e das pontes. Com suas duas faces, simboliza os momentos associados aos tempos de mudança. Uma das faces está voltada para o passado e para as tradições, a outra está voltada para o futuro e para as novidades. Janus representa o conflito que temos de resolver em momentos de mudança: decidir entre o que é conhecido e prático e o que é novo e arriscado. Mas também nos ensina que os momentos de mudança requerem olhar nas duas direções. Olhe para o passado e use a experiência e o conhecimento adquirido como uma ponte para o futuro, e não como uma justificativa para o comodismo e a inércia. Olhe para o futuro e procure pelos novos caminhos que estão se abrindo e pelos conhecimentos, atitudes e habilidades necessárias para trilhá-los com determinação e sucesso.

Para que lado você está olhando?

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Facilitador: uma peça-chave nas seções de criatividade

Equipes podem se tornar uma poderosa fonte de ideias inovadoras e de soluções criativas de problemas. Contudo, a criatividade e a produtividade de uma equipe dependem de um planejamento cuidadoso e da condução equilibrada do processo criativo, mantendo a liberdade de imaginar sem perder o foco no problema a resolver.

Há muitos fatores que podem tornar um grupo improdutivo e sem criatividade. Um dos maiores limitadores da criatividade e da produtividade de uma equipe é a ausência de um facilitador experiente e habilidoso.

O facilitador é a pessoa que regula o ritmo do grupo, oferece uma variedade de possíveis modos para abordar os problemas, mantém a equipe focada e assegura que todos os participantes interajam de forma construtiva. Em resumo, o facilitador é um especialista, não em fornecer respostas aos problemas estudados, mas no gerenciamento da dinâmica do grupo que está realizando o trabalho.

Os papéis do facilitador

O facilitador gerencia o processo criativo assumindo diversos papéis conforme as necessidades:

  • O Iniciador: abre os canais de comunicação e inicia as discussões, ou promove a melhoria nas comunicações se o grupo já está dialogando.
  • O Regulador: lembra todas as partes do direito de cada um de expressar suas ideias e de se envolver nas decisões.
  • O Organizador: estabelece as regras básicas do processo de trabalho em equipe e orienta a equipe nas reuniões iniciais.
  • O Treinador: instrui os participantes que não ainda não dominam as técnicas e ferramentas de criatividade e de solução de problemas.
  • O Provedor de Recursos: fornece assistência ao grupo e o põe em contato com fontes externas que podem fornecer informações valiosas e pontos de vista variados.
  • O Explorador: orienta o grupo no exame de variados pontos de vista e a chegar a conclusões.
  • O Agente da Realidade: Usa o pensamento crítico para questionar e desafiar os membros da equipe que têm objetivos irrealistas e fantasiosos.
  • O Líder: mobiliza os recursos da equipe para realizar seus objetivos.

Habilidades e características dos facilitadores eficazes

  1. Facilitadores eficazes conhecem a dinâmica do processo de trabalho em equipe e são experientes no uso de técnicas para manter o grupo focado na tarefa, encorajar o pensamento criativo, construir o consenso e manter todos os membros da equipe engajados.
  2. São hábeis em criar e manter um ambiente seguro, aberto e cooperativo para todos os membros do grupo. Sabem reconhecer e lidar com comportamentos desagregadores.
  3. Eles se mantêm neutros sobre o assunto discutido nas reuniões. Eles nunca defendem um ponto de vista, mesmo quando têm uma opinião sobre o assunto discutido.
  4. Quando necessária a participação de um consultor para assessorar a equipe na solução do problema, deve-se analisar as vantagens e desvantagens de o consultor acumular a função de facilitador.
  5. As habilidades de ouvir e observar são essenciais para os facilitadores. Eles devem estar atentos às nuances, conteúdos, linguagem corporal e outros feedbacks e tudo o mais que impacta o grupo. Eles devem estar sempre cientes do conteúdo (o que está sendo discutido ou decidido) e do processo (como o grupo está agindo).

Os melhores facilitadores combinam firmeza com tato, disciplina com humor. Eles devem saber como intervir efetivamente quando o grupo estiver se afastando do assunto ou paralisado e não se movendo na direção de seu propósito.

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Inovação em tempo de turbulências

A crise na saúde vem acompanhada em uma grave crise econômica que impacta severamente os negócios em todo o planeta. Apesar de todos os esforços, tudo indica que não há soluções milagrosas no curto prazo e que o mundo que emergirá será diferente do que é hoje, pelo menos em termos de negócios e trabalho. Para pior ou para melhor? Só o tempo dirá. Muitas empresas e empregos desaparecerão, mas novas oportunidades surgirão, novos negócios e empregos serão criados.

Vivemos um momento crucial, um ponto de ruptura que força empresas e indivíduos a fazerem uma escolha entre a inércia e a inovação. Os tempos de mudanças assustam, mas, para aqueles que optam pela sobrevivência, a atitude passiva de esperar para ver o que acontece não é uma opção. Para estes é a hora de indagar: Como podemos usar a crise para inspirar a inovação?

É o momento das organizações fazerem o pleno uso da criatividade e engenhosidade de seu pessoal e focar seus esforços e recursos no desenvolvimento de ideias inovadoras para manter seus bons clientes, conquistar novos mercados e ser mais eficientes. Estas iniciativas inovadoras podem incluir:

  • Usar a queda temporária nas atividades para inovar os processos de trabalho e fazer mais com menos. São iniciativas importantes, mas nem sempre temos tempo para cuidar de melhorias nos métodos de trabalho quando os negócios estão a pleno vapor.
  • Ideias criativas para ajudar os clientes a economizar tempo e dinheiro ou ser mais eficientes. Eles também terão seus problemas e valorizarão todo tipo de ajuda.
  • Simplificação dos produtos e eliminação de funções supérfluas criadas em tempos de bonança. Os clientes estarão com pouco dinheiro e questionarão a relação custo-benefício de produtos e serviços sofisticados e funções não essenciais.
  • Ideias para conquistar novos mercados e clientes de competidores enfraquecidos pela crise. Haverá lacunas a serem preenchidas pelas organizações mais criativas e ágeis.
  • Tornar os relacionamentos dos clientes com a organização em oportunidades para agregar valor e criar lealdade. Em muitas situações, estas iniciativas não requerem investimentos, mas uma mudança de atitudes, de cortesia, respeito e empatia.
  • Ações afirmativas com relação à proteção da saúde das pessoas e do meio ambiente. Há fortes indícios de que estamos finalmente entrando numa época de genuína preocupação dos governantes, salvo inacreditáveis exceções, com as desigualdades sociais e com o futuro de nosso planeta. Haverá ótimas oportunidades para as organizações agregarem valor aos seus negócios através de uma atuação responsável.

São ações que não podem esperar, pois o único modo de ser mais competitivo hoje é inovar agora e não amanhã. Isto requer uma profunda reflexão sobre suposições, normas e diretrizes vigentes para remover práticas obsoletas e se tornar diferente dos competidores aos olhos dos clientes. Isto somente se tornará realidade mediante uma ação coordenada para estimular e direcionar a criatividade das pessoas para estes desafios cruciais.

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Inovação: como lidar e aprender com seus fracassos e sucessos

Vivemos numa economia em constante mudança e sabemos que ficar parado não é uma opção segura e sábia. No entanto, muitas organizações, apesar de ameaçadas por concorrentes inovadores e por mudanças nas preferências e hábitos dos consumidores, se veem paralisadas pelo medo de correr riscos, optando pela inércia. Fecham os olhos aos novos tempos e se refugiam no passado, mantendo processos e produtos ultrapassados.

As organizações inovadoras sabem que correr riscos é inerente ao processo criativo. Inovação é mudança e não há mudança sem riscos de falhas. Você pode e deve tomar ações preventivas para minimizar os riscos de falhas, mas toda inovação é, em certa medida, uma aventura por terreno desconhecido. Para saber o que funciona e o que não funciona você tem que fazer experimentos, cometer alguns erros e ter perseverança e paciência. Não se trata de jogar irresponsavelmente com a sorte, mas de executar um plano de experimentos baseados em avaliações realistas dos benefícios e riscos potenciais.

Como as organizações lidam com suas falhas

Como lidar com as falhas é um dos importantes diferenciadores entre as organizações inovadoras e as conservadoras. As organizações podem adotar três distintas atitudes com relação aos seus erros.

Primeiro, elas podem escondê-los e tentar esquecê-los. Essas organizações estão fadadas a cometerem repetidamente os mesmos erros e ter uma morte prematura. São organizações imaturas e incapazes de lidarem objetivamente com os sentimentos negativos associados aos fracassos. Não há clima para a criatividade e inovação, pois as evidências de declínio são ignoradas, predominando a ilusão de que tudo está bem, sem necessidade de mudanças.

Segundo, elas podem lamentar e procurar culpados. Se os pretensos culpados forem internos, serão castigados. Se as pretensas causas forem externas (economia, câmbio etc.) elas adotarão atitudes fatalistas. Elas preferem racionalizar seus erros ao invés de analisá-los e conhecer suas verdadeiras causas. Neste caso, continuarão também a repetir os mesmos erros até falirem, munidas de variadas justificativas para seus fracassos. As iniciativas de mudanças são paralisadas pelo temor do erro e de acusações de incompetência e irresponsabilidade.

Terceiro, elas podem refletir e aprender. São organizações maduras, que veem nas falhas oportunidades de aprender com seus erros e inovar. Elas procuram analisar seus erros e entender o que aconteceu e o porquê. Um exemplo deste processo de análise efetiva de falhas é encontrado na análise meticulosa dos desastres aéreos para identificar suas causas. Outro exemplo similar é encontrado em hospitais, em sessões onde os médicos se reúnem para estudar erros relevantes e casos de mortes inesperadas para identificar, discutir e aprender com suas falhas.

A condução de uma análise de falhas requer mentes abertas e inquisitivas, paciência e tolerância à ambiguidade. Requer ainda que o grupo de análise reúna pessoas com conhecimentos técnicos, experiência nos processos de análise e de gerenciamento de equipes, e diversidade de enfoques, permitindo que explorem diferentes interpretações das causas da falha e suas consequências.

Exemplos de organizações que lidam positivamente com suas falhas

Precisamos nos livrar da falsa noção de que toda novidade nasce de uma única ideia brilhante e definitiva, como um tiro certeiro na mosca. Na maior parte das vezes, uma ideia inovadora resulta de muita persistência e de várias tentativas fracassadas. O tiro certeiro é mais uma exceção do que uma regra. Algumas vezes, o produto inovador é o fruto do acaso.

Na indústria farmacêutica, cerca de 90% de novas drogas falham no estágio experimental. Assim, as empresas deste setor apresentam muitas oportunidades para análise de falhas. As empresas que são criativas na análise de falhas se beneficiam de dois modos. Primeiro, a análise de uma droga que falhou revela, às vezes, que a droga tem uma aplicação alternativa válida. Por exemplo, o Viagra foi originalmente idealizado para o tratamento de angina. Em outro caso, a Eli Lilly descobriu que um anticoncepcional rejeitado nos testes poderia ser usado no tratamento de osteoporose.

Segundo, uma análise mais aprofundada pode, às vezes, salvar um produto aparentemente não aprovado para sua finalidade original, como no caso do Alimta do laboratório Eli Lilly. Após os fracassos dos testes desta droga quimioterápica, a empresa estava decidida a abandoná-la. Contudo, o médico que conduziu os testes resolveu analisar melhor as causas do fracasso. Com a ajuda de um matemático, analisou novamente os dados dos testes e descobriu que os resultados negativos tinham ocorrido com pacientes com deficiência de ácido fólico. Investigações posteriores mostraram que simplesmente dando ácido fólico a estes pacientes juntamente com o Alimta resolvia o problema, salvando uma droga que seria abandonada.

Benefícios da análise de falhas

Após vivenciar um fracasso, as pessoas costumam colocar a culpa em outras ou em forças externas fora de controle. Se esta atitude negativa não for combatida, a empresa perde a oportunidade de aprender com seus experimentos e erros e acaba por travar o processo de busca da inovação de seus produtos e serviços.

Além dos aspectos técnicos, a análise sistemática de falhas traz importantes benefícios sociais e organizacionais. A discussão fornece uma oportunidade de aprendizado para outras pessoas não envolvidas diretamente com o experimento. Estas pessoas podem trazer perspectivas diferentes que compensam certas tendências que podem distorcer as percepções daqueles diretamente envolvidos no experimento. Muitas organizações sonham com o sucesso, com a criação de algo inovador ou a solução criativa de um problema. Para ser realmente ágil e bem sucedida, a organização tem de dar às pessoas a liberdade para inovar, a liberdade para experimentar. Isto significa também que estas pessoas tenham a liberdade de falhar. As empresas devem aprender a distinguir o erro honrado e o erro por incompetência. As falhas honradas são decorrentes de tentativas honestas, planejadas e bem intencionadas de se fazer algo novo ou diferente.

Aprenda com os sucessos

Os sucessos também podem constituir excelentes fontes de aprendizado e aperfeiçoamento. Primeiro, analise os sucessos para saber que boas práticas podem ser replicadas para outros experimentos e situações. Assegure que outras unidades e equipes se beneficiem com as lições aprendidas. Segundo, procure identificar o que pode ser melhorado em futuros experimentos similares.

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As vacas sagradas dão os bifes mais saborosos

Esta frase escrita nos muros de Paris durante o movimento estudantil de 1968 resume o espírito de contestação naquele período. Tudo era questionável, era proibido proibir, a sua imaginação era o seu guia. Esta atitude questionadora levou a um surto de criatividade em diversos setores de atividade como nas letras, moda, música, artes plásticas, cinema e teatro, bem como a mudanças profundas nos costumes e comportamentos. Regras e suposições aceitas até então como absolutas foram questionadas e desafiadas. Muitas extravagâncias foram cometidas, mas é inegável que ideias inovadoras surgidas naquela época deixaram valiosas contribuições nas artes, na política, nos negócios e nos costumes.

Quais são as suas suposições?

Nós estamos cercados de suposições a respeito de porque certas coisas existem e de como funcionam. Acostumamo-nos a aceitar e a não questionar estas suposições e elas acabam se tornando regras intocáveis, verdadeiras vacas sagradas. Na verdade, temos grande dificuldade de enxergar e reconhecer estas suposições. Com muita frequência, elas são invocadas como razões e justificativas para que as coisas sejam mantidas como estão, imutáveis. Algumas suposições típicas:

  • Que é impossível fazer certas coisas, particularmente dentro de determinados limites de tempo e custo.
  • Que os clientes preferem (ou não gostam) de certas cores, sabores, formas, dimensões, modelos, locais, horários, etc.
  • Que alguma coisa funciona por causa de certas regras ou condições.
  • Que as pessoas acreditam, pensam ou necessitam de certas coisas.

Os tempos passam e as regras, suposições e procedimentos que se mostraram apropriados no passado podem se tornar obsoletos. Frequentemente, a obsolescência não é aparente e as ideias ultrapassadas tendem a ter uma sobrevida que vai muito além do ponto de declínio de sua eficácia. 

Questione suas suposições

Para inovar você tem de identificar e desafiar as suposições. Examine a situação estudada com uma mente aberta. Quais são as suposições que nós fizemos a respeito deste assunto (modelo de negócio, produto, mercado, processo de trabalho, etc.)? O que nos parece tão óbvio que normalmente não pensaríamos em questioná-lo?

Assuma que todas as suposições podem ser desafiadas e questionadas. Faça perguntas que coloquem em dúvida ou que contrariem e desafiem as suposições. Por exemplo, pergunte:

  • Como seria se isto não fosse verdade? Se fosse diferente?
  • E se fizéssemos isto na metade do tempo?
  • E se invertêssemos a ordem?
  • E se fizéssemos isto em outro local? Em outra cidade? Em outro país?

Certamente, neste processo você encontrará novas suposições; responda a estas suposições com novos desafios.

Lembre-se que todo modelo de negócio, processo de trabalho, produto ou serviço se baseia em algumas suposições. Por exemplo, a decisão de centralizar as operações de uma empresa pode ter sido baseada nas suposições de que elas se tornariam mais ágeis, mais econômicas, mais eficazes, resultando em clientes mais satisfeitos. Estas suposições se confirmaram? Elas persistem até hoje? Vá fundo nos questionamentos; quanto mais sagrada a vaca, mais suculentos os seus bifes. A inovação requer a coragem de questionar e abandonar suas certezas.

Se você não conseguir encontrar as suposições é por que você está assumindo que elas não existem; esta é a primeira suposição a ser rompida.

No meu livro Criatividade Aplicada você encontra tutoriais completos sobre as aplicações do Questionamento de Suposições e outras quinze ferramentas de criatividade que podem ajudá-lo no desenvolvimento de suas habilidades criativas.

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Você está pronto para inovar?

Você não tem de fazer o que não deseja fazer, mas para se tornar um inovador você tem de fazer algumas escolhas. Eis algumas destas escolhas. Qual a sua decisão?

Marque sua reposta:

N = De jeito nenhum
T = Vou tentar
S = Sim, sem dúvida

Você deseja Marque
1. Se tornar mais aberto a mudanças? (Inovar é mudar).  
2. Abandonar o que você sabe para ganhar novos conhecimentos? (Você não pode fazer o que nunca fez até que se torne o que nunca foi).  
3. Tornar seu trabalho mais alegre?  
4. Ser empurrado para além do que é normal?  
5. Deixar de lado a palavra estranho e usar mais a palavra diferente? (Ser mais tolerante para compreender melhor).  
6. Assumir alguns riscos de rejeição para ter algumas ideias implementadas?  
7. Ajudar outros a mudar? (Você fará por outras pessoas o que não faz para si mesmo).  
8. Se associar e compartilhar com outros? (Duas cabeças juntas criam centelhas).  
9. Perguntar mais e se defender menos? (Você já sabe o que você sabe).  
10. Renunciar a algo velho para considerar algo novo? (Ao menos pensar a respeito para ter opções).  
11. Ser você mesmo e expressar seus pensamentos? (Tirar a máscara)  
12. Descobrir o que está atrás de uma decepção? (Poderoso é aquele que conhece a si mesmo).  
13. Examinar seus fracassos e ver as lições que pode aprender?  
14. Deixar de lado o passado para poder progredir no presente? (O maior obstáculo para o futuro é o nosso sucesso no passado).  
15. Deixar que as outras pessoas progridam no seu próprio ritmo? (A não ser que o seu ritmo seja considerado o modelo universal).  

Qual a sua conclusão? Está pronto para abandonar sua zona de conforto e enfrentar novos desafios?

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Inovação: As lições do Firefox

FirefoxPoucas organizações tiraram proveito da criatividade das pessoas de fora como a Mozilla Corporation, criadora do navegador Firefox. Trabalhando no sistema de código aberto, a Mozilla depende da contribuição de milhares de voluntários para o desenvolvimento do produto e codificação, distribuição e promoção do software.

Mitchell Baker, presidente da Mozilla, concedeu uma entrevista a The Mckinsey Quartely em janeiro de 2008, onde fala sobre o sucesso do projeto Firefox e sobre como equilibrar disciplina e a liberdade para que pessoas motivadas se dediquem às suas paixões. Segundo Mitchell Baker, algumas lições que as empresas inovadoras podem aprender com a experiência da Mozilla:

Motivação: Um ponto chave é o sentimento de que as pessoas têm a “propriedade” do que elas estão fazendo, no sentido de que estão emocionalmente comprometidas e têm a chance de decidir o que e como fazer. O número de pessoas que sentem que o Firefox é parcialmente delas é muito alto, afirma Baker.

Liberdade: Deixar as pessoas livres é muito importante. Você tem de definir o espaço e a extensão, mas você obtém muito mais do que você espera delas, porque elas não são você. Segundo Baker, a Mozilla cria estruturas para que os colaboradores externos trabalhem a partir delas, sendo criativos onde a Mozilla não consegue ser.

Clareza: Deixar claro o que você deseja é muito importante para obter os benefícios da criatividade dos diversos colaboradores. Se você está fazendo uma coisa e enviando uma mensagem que está fazendo outra, eu penso que você está morto, diz Baker.

Correr riscos: Se você tem um bom grupo de pessoas à sua volta, pessoas em quem confia, em algumas ocasiões pode ser muito importante se afastar quando algo não te agrada. Deixe o problema rolar por algum tempo. A idéia de que um simples individuo é o melhor tomador de decisões para tudo, e que deve ter o controle final, funciona somente em algumas situações. Quando você simplesmente ordena às pessoas que parem o que estão fazendo, você perde seus pensamentos criativos. Se tiver dúvidas, faça perguntas para esclarecer e trocar ideias.

O que você pensa sobre as lições sobre inovação do Firefox? Elas podem ser aplicadas ao seu negócio?

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Programa de sugestões: como obter ideias melhores e úteis

Quando se fala em promover a participação dos trabalhadores nas iniciativas de inovação, o programa de sugestões é uma das ideias sempre presentes. Na maioria das vezes, esta ideia é recebida com um grande entusiasmo. A direção cria expectativas sobre as extraordinárias melhorias e economias que serão obtidas. Os trabalhadores sonham com as possibilidades de prêmios e reconhecimento de seus talentos e criatividade. Usualmente, tudo isso termina com decepções e as caixas abandonadas e poeirentas são os testemunhos de mais uma boa intenção malograda.

As causas principais dos fracassos dos programas de sugestões são a falta de foco e de uma estratégia para promover e direcionar a criatividade da força de trabalho. Normalmente, os programas de sugestões são criados com o objetivo de se obter um grande número de ideias, na esperança de que alguma coisa útil seja colhida deste processo solto e sem rumo. Doce ilusão, pois o que se obtém são ideias impraticáveis, ou que pouco têm a ver com o negócio da empresa e seus problemas mais prementes.

Assim sendo, o desafio que se coloca é a geração de ideias que resolvam problemas específicos ou que identifiquem novas oportunidades relacionadas ao negócio da empresa. Ao lançar um programa de sugestões, devemos cuidar para que a criatividade seja realmente aplicada na solução destes problemas e na busca de novas oportunidades relevantes. Há quatro meios de se conseguir isto:

1. Mude a inovação de reativa para proativa

Ao invés de esperar por ideias que as pessoas queiram submeter, a empresa deve tomar uma atitude proativa e dizer às pessoas sobre que temas específicos elas devem trabalhar. Os temas deverão refletir as preocupações mais urgentes, atuais e relevantes, tais como: redução de desperdícios, atrasos e reclamações; melhoria da qualidade e da produtividade, etc. Agindo assim, a empresa terá um número menor de ideias, mas que serão mais relevantes e práticas.

2. Direcione a criatividade

Focalize seus desafios e oportunidades mais relevantes. Estabeleça quais os Problemas, Oportunidades, Ameaças e Tendências específicas você quer atacar. Expresse estes desafios e oportunidades em ações diretamente ligadas ao dia a dia dos trabalhadores. De novo, esta abordagem reduzirá a quantidade de ideias, mas resultará em ideias que podem ser implementadas e que estão de acordo com as necessidades e prioridades da empresa.

3. Motive sua equipe

Informe sua equipe quais são os principais desafios que a empresa enfrenta e que tipos de mudanças ela precisa fazer para se manter competitiva e lucrativa. Explique as razões de cada tema escolhido e por que a empresa necessita de ideias inovadoras nestes temas. Fale também como as ideias serão avaliadas e como as melhores serão implementadas e premiadas.

4. Prepare sua equipe

Como toda habilidade, a criatividade pode e deve ser aprimorada. Entusiasmo e boa vontade não são suficientes para vencer as barreiras culturais, abandonar os velhos hábitos e superar as deficiências na análise e solução de problemas. Arme sua equipe com as ferramentas básicas de criatividade e solução criativa de problemas. Escolha e treine também facilitadores que apoiarão as equipes no uso destas ferramentas.

Em resumo, se você quer ideias inovadoras e práticas, direcione a imaginação de sua equipe para desafios bem definidos e arme-a com as ferramentas para vencer as barreiras à criatividade e trilhar novos caminhos.

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