Pensamento criativo – você está no controle?

Em volta da fogueira, o velho avô falou ao seu neto sobre a batalha que se passa dentro de cada pessoa. Ele disse, “Meu filho, a batalha se dá entre dois lobos dentro de todos nós. Um é o Mau. Ele é o medo, a raiva, a inveja, a tristeza, a inveja, a arrogância, a ganância, o ressentimento e a mentira. O outro é o Bem. Ele é a alegria, a paz, o amor, a esperança, a serenidade, a humildade, a cortesia, a empatia, a generosidade, a verdade e a fé”.

O garoto pensou um momento sobre o que tinha ouvido e perguntou ao avô, “Qual lobo vence?” O avô respondeu: “Aquele que você alimenta”.

Frequentemente somos colocados perante desafios que exigem uma escolha, especialmente entre manter-se amarrado a práticas e ideias obsoletas, ou olhar estes desafios como oportunidades de aprender, inovar e crescer.

A boa notícia é que temos uma escolha. Podemos alimentar o lobo do comodismo e do medo de errar, ou alimentar o lobo da coragem e da esperança. Podemos escolher em acreditar que somos criativos ou não.

Alimentando o lobo do Bem (e da Criatividade)

Algumas medidas simples, mas muito eficazes, que você pode tomar para alimentar e fortalecer sua criatividade:

  1. Acredite na sua criatividade – o primeiro passo é livrar-se da ideia “Eu não sou criativo”. Livre-se da crença de que a criatividade é um dom reservado para poucos privilegiados.  O talento criativo não é um clube exclusivo. Isto é como pensar que somente certas pessoas podem ser singulares. O que acontece é que algumas pessoas aceitam e expressam sua singularidade e outras não. Criatividade é como um raro presente que nos concedemos: a permissão para sermos nós mesmos. Nossa singularidade continua a ser o ponto principal. Frequentemente, esta atitude é suficiente para dar início a um fluxo de ideias.
  2. Exponha-se a novas experiências – seus sentidos capturam as informações básicas que sua mente usa para gerar novas associações. Quanto mais você se expõe a situações, pessoas e lugares diferentes, mais matéria prima você colhe para sua mente usar em novas conexões. Crie oportunidades para trazer diversidade e variedade à sua vida: viaje, leia livros e veja filmes diferentes dos que você costuma ler e ver, converse com pessoas com profissões, crenças, hábitos e estilos de vida diferentes do seu. Deixe sua curiosidade guia-lo por caminhos nunca antes percorridos. Em suma, saia da rotina e não tenha medo de conhecer ou fazer coisas diferentes.
  3. Dê as boas vindas a todas as ideias, mesmo as absurdas – você não deve se preocupar em somente ter grandes ideias. Afaste o censor que existe dentro de você e se concentre na quantidade; quanto mais, melhor. Algumas ideias que parecem absurdas podem ser as sementes de conceitos promissores. Deixe os julgamentos para mais tarde.
  4. Registre as ideias imediatamente – criatividade requer tanto imaginação como também muita disciplina e cuidados para não deixar perder as boas ideias. Quantas vezes você passou pela situação de estar dirigindo, andando na rua, almoçando, ou no metrô ou ônibus e, de repente, ter uma grande ideia. Você pensa: logo que chegar em casa ou no escritório, eu vou escrever esta ideia, ela é muito boa e não posso perdê-la. Mas, ao chegar lá você não se lembra mais da grande ideia, ou tem somente uma vaga lembrança e não consegue recuperá-la. Cultive o hábito de registrar todas as suas ideias. Use o que lhe for mais conveniente como bloco de notas, gravador de voz, os recursos de seu celular, etc. Não confie na sua memória. Se você não registrar suas ideias imediatamente, você se esquecerá da maioria delas.

Voltando ao início: Qual lobo você está alimentando neste momento?

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Criatividade: mitos e realidade

Algumas ideias equivocadas sobre a criatividade têm levado as pessoas a ignorarem o potencial criativo que existe em cada um de nós. Os mesmos enganos têm levado as empresas a adotarem práticas inadequadas para fomentar a criatividade de suas equipes.

Antes de abordar estas ideias erradas é aconselhável esclarecer o significado do termo criatividade. No contexto deste artigo, criatividade é a habilidade de gerar ideias originais e solucionar os problemas do dia-a-dia. Ser criativo é olhar para as mesmas coisas como todo mundo, mas ver e pensar algo diferente.

O primeiro mito: a criatividade é um dom especial que somente algumas poucas pessoas têm. O talento, a persistência e a concentração podem ser um dom, mas o potencial para ser criativo é algo disponível para todos nós. Muitas pessoas deixam este potencial ser anulado por bloqueios culturais e ambientais e pelo medo de errar e parecerem tolas. Outras usam o potencial criativo ocasionalmente. Recomendo a leitura do artigo Criatividade: Dádiva de Deus ou habilidade aprendida?.

O segundo mito é que as pessoas se tornam mais criativas quando trabalham sobre pressão. A experiência mostra que, sob certas condições especiais, isto pode ser verdade. Contudo, a experiência mostra também que sobre muita pressão, especialmente do tempo, as pessoas se contentam com as primeiras ideias que lhes ocorrem, as mais óbvias. Muita pressão pode reduzir a originalidade das soluções.

O terceiro mito é sobre o poder do dinheiro como motivador da criatividade. O reconhecimento material é um motivador extrínseco, isto é, vem de fora da pessoa. A motivação extrínseca é induzida por outra pessoa ou organização interessada nos resultados do processo criativo. Estudos conduzidos por Teresa Amabile, da Universidade de Harvard, revelaram que a grande força acionadora da criatividade está na motivação para a tarefa executada, no interesse e paixão que as pessoas sentem pelo trabalho. Esta é a motivação intrínseca, que vem de dentro da pessoa criativa. O dinheiro pode influenciar a motivação intrínseca (interna), mas não pode criá-la.

O quarto mito: competição é melhor do que colaboração. Esta ideia pode ser válida para a competição entre empresas, mas é um desastre quando aplicada a grupos dentro de uma organização. A competição interna leva ao isolamento, politicagem, restrições ao fluxo de informações e desperdícios de recursos. De outro lado, a colaboração favorece a polinização cruzada de ideias, o intercâmbio de informações e experiências, fatores importantes para a geração de ideias originais.

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Como desenvolver a criatividade de sua equipe

Num mercado em constante transformação, o desafio da inovação não está restrito a revoluções tecnológicas ou à criação de produtos espetaculares. As ideias criativas podem ser úteis às empresas de várias formas, como o desenho de um novo processo que melhora a qualidade e a produtividade ou reduz os custos. Pode também ser a reorganização de um serviço que simplifica e acelera o atendimento aos clientes. A inovação já não é mais uma atividade restrita aos departamentos de pesquisa, mas está incorporada ao trabalho de todos, dirigentes, gerentes e operários.

Há muitas oportunidades de melhorias e, quanto maior o número de pessoas pensando criativamente, maiores as chances de se colher ideias realmente inovadoras. A experiência demonstra que as pessoas que estão na linha de frente são aquelas que estão em melhor posição para identificar as oportunidades de melhorias e desenvolver soluções práticas e inovadoras. Assim, desenvolver a capacidade criativa de sua equipe e orientá-la na solução de problemas relevantes é uma atitude inteligente e altamente compensadora.

O que você precisa fazer

Com o tempo, as empresas, especialmente as bem sucedidas, tendem a se acomodar e a dar mais ênfase ao que têm e já realizaram. Mesmo com o mercado em constante mudança, elas se tornam refratárias a novas ideias, imaginando que o sucesso do passado é garantia de sucesso no futuro.

Para se livrar desta armadilha, a primeira coisa a fazer é identificar os obstáculos à criatividade que existem em sua organização. Alguns bloqueios que você pode encontrar:

A crença de que a criatividade é somente para poucos. A criatividade não é uma dádiva divina especial, mas uma habilidade que pode ser cultivada. Sabemos que ela não é igual para todos, nem todos são gênios, mas as novas ideias não são todas necessariamente espetaculares. Algumas ideias valiosas nascem ao examinar as coisas de sempre sob uma perspectiva diferente, outras nascem da combinação de objetos e conceitos já existentes.

Sistemas de crenças arraigadas. Pessoas e organizações desenvolvem crenças para explicar e lidar com o mundo exterior. Estas crenças entram no nosso subconsciente e raramente as questionamos. Elas se tornam parâmetros rígidos para processar informações e tomar decisões e tendemos a refutar toda ideia que não se enquadra nestes parâmetros.

Receio de falhar. As pessoas têm medo de cometer erros e parecerem ridículas, ou até perderem seus empregos. Uma organização que não sabe distinguir a diferença entre o insucesso de uma tentativa responsável para melhorar alguma coisa e um ato de inépcia ou negligência cria um ambiente que paralisa a criatividade e promove a mediocridade e a mesmice.

Julgamentos apressados. As pessoas fazem julgamentos baseados no que elas conhecem e no que elas acreditam. Costumam tomar posições precoces sobre o que funciona ou não funciona sem analisar os méritos das novas ideias. Muitas vezes o julgamento é feito antes de conhecer a ideia na sua totalidade. Outras vezes é baseado em algumas falhas menores na ideia, que poderiam ser sanadas, se houvesse uma chance de experimentar.

Remova os bloqueios à criatividade

Estes obstáculos podem ser removidos pela tomada de consciência sobre sua existência e seus efeitos danosos, pela melhoria das comunicações e pelo encorajamento da equipe a usar suas habilidades criativas sem receio de penalidades.

Aprenda a ouvir ativamente. Toda ideia deve ser bem-vinda e ouvida com atenção. É claro que muitas ideias não se mostrarão práticas e viáveis, mas sem garimpar não se encontra ouro. Se você não gosta de uma ideia, pergunte a si mesmo por que. Talvez o problema não esteja na ideia, mas em sua resistência a questionar algumas de suas crenças. Independente do mérito de uma ideia, se você não a ouve com atenção e interesse, as pessoas assumirão que você é refratário a inovações e guardarão suas ideias para si mesmas.

Diga claramente o que você quer. Estimular a criatividade sem objetivos definidos pode gerar decepções e desperdícios de talentos, tempo e recursos. Sem uma orientação e prioridades, as pessoas poderão direcionar a criatividade para criar coisas que não interessam à empresa ou solucionar problemas irrelevantes. Defina claramente em que direção as pessoas deverão canalizar suas habilidades criativas.

Promova a tensão criativa. Tensão criativa é o sentimento que as pessoas têm quando elas reconhecem a diferença onde elas estão agora (situação atual) e onde elas poderão chegar (situação desejada). Esta diferença (gap) cria um sentimento de desconforto e uma tensão natural e saudável que procura se solucionar. É a fonte de energia para mudança. Ela pode ser criada mostrando às pessoas o desempenho atual da organização (competitividade, qualidade, produtividade, satisfação dos clientes, etc.) e o desempenho que precisa e pode ser alcançado, bem como os benefícios resultantes da mudança.

Dissemine as técnicas de criatividade. Ter imaginação é importante, mas para criar em equipe é aconselhável ter um conjunto de técnicas que facilite o trabalho coletivo e promova o intercâmbio de experiências. As ferramentas de criatividade ajudam a acelerar o processo criativo pela sistematização do processo de solução de problemas: coleta e análise informações, geração e seleção de idéias e implementação da solução. No meu livro Criatividade Aplicada você encontrará tutoriais detalhados sobre 16 ferramentas de criatividade.

Valorize o pensamento inovador. Para criar uma organização em que a criatividade reine com liberdade, você deve valorizar o pensamento criativo. Recompense aqueles que produzem bons resultados e elogie e encoraje os esforços de todos, incentivando-os a persistirem nas suas tentativas de inovação e melhorias. É também muito importante saber lidar com os insucessos de forma madura e objetiva. Aprenda a distinguir os insucessos resultantes de tentativas de inovações bem intencionadas das falhas por negligência ou omissão. Sobretudo, transforme estas tentativas em oportunidades de reflexão e aprendizado.

É preferível ter uma porção de ideias, e algumas delas se mostrarem erradas, do que sempre estar certo por nunca ter ideias – Edward de Bono.

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Como desenvolver minha criatividade?

A criatividade envolve a transformação de nossos talentos, conhecimentos e visão em uma nova realidade externa original e valiosa. É a habilidade de combinar elementos existentes, conceitos, técnicas, objetos e materiais para gerar novas ideias e soluções para os desafios e problemas de nosso dia-a-dia. Por exemplo, Gutenberg combinou a prensa de uvas e os moldes de cunhar moedas para produzir sua impressora. Do esmagamento de uvas ele isolou e extraiu o conceito “prensa”; da cunhagem de moedas extraiu o conceito “gravação”; combinou-os e os transferiu para a impressão de livros.

Esta habilidade pode ser desenvolvida. Para tanto, devemos estar cientes de que ela resulta da combinação de vários fatores internos e externos ao indivíduo:

a) As características individuais como: Personalidade – a disposição para enfrentar novos desafios e correr riscos; Temperamento – a capacidade de enfrentar críticas e incompreensão e persistir em seus planos; Motivação – o firme desejo de fazer algo diferente, ignorar a multidão e explorar novos caminhos, profundamente e sem restrições; Habilidades Mentais – os talentos e as inclinações naturais que definem nossas habilidades de produzir valor.

b) Harmonia entre seu trabalho e suas habilidades intelectuais: acerto na escolha de um campo de atividades que lhe ofereça a oportunidade de exercer plenamente seus talentos e inclinações.

c) Competência profissional: o domínio dos conhecimentos necessários ao pleno exercício de suas atividades. Contudo, não se deve ignorar que muitas soluções criativas são resultantes da combinação de conceitos e conhecimentos de diferentes campos de atividades. Escapar dos estreitos limites de sua especialização pode ampliar significativamente sua capacidade criativa.

d) Ambiente de trabalho que estimula a procura de novas ideias, valoriza as contribuições para criação de novos processos e produtos e combate todas as formas de bloqueios à criatividade.

e) O conhecimento do processo criativo: como funciona e quais as suas etapas, que obstáculos podem bloquear nossa mente e que técnicas podemos usar para superá-los.

Habilidades mentais – O conceito de múltiplas inteligências

Creio que a condição mais importante para o desenvolvimento de nossa capacidade criativa seja a compatibilidade entre nossas habilidades mentais e nossas atividades. Só podemos nos tornar criativos quando há harmonia entre nosso trabalho, nossos talentos e nossas competências pessoais.

A verdadeira criatividade é impossível sem alguma medida de paixão. O melhor modo de ajudar as pessoas a maximizar seu potencial criativo é permitir que elas façam algo que amam. Teresa M. Amabile: Creativity in Context

As habilidades mentais resultam do nosso perfil de inteligência e expressam a capacidade de raciocinar, compreender ideias, resolver problemas e aprender. A visão tradicional de inteligência tem sido fortemente desafiada nos últimos anos, especialmente pela Teoria de Múltiplas Inteligências de Howard Gardner. Segundo Gardner, ao invés de haver um único tipo de inteligência, as pessoas são vistas como possuidoras de um conjunto de tipos de inteligências relativamente independentes. Esta teoria explica as diferenças de habilidades entre as pessoas para lidar com assuntos distintos como matemática, música, comunicação verbal ou escrita. Em seus estudos, Gardner identificou nove tipos de inteligências:

Lógica: Habilidade de pensar logicamente, reconhecer padrões e trabalhar conceitos abstratos. Mais associada ao pensamento científico e matemático. Aqui se encontram os engenheiros, matemáticos e cientistas.

Musical: Capacidade de distinguir sons e de criar, interpretar e apreciar música. São as habilidades apresentadas por compositores, músicos e dançarinos.

Naturalista: Apresentada por aqueles que são talentosos em observar, entender e organizar categorias, especialmente as encontradas na natureza. Naturalistas, botânicos e bibliotecários.

Intrapessoal: Encontrada em pessoas introspectivas e intuitivas. Capacidade de autoconhecimento e de interpretar seus sentimentos, medos e motivações. Escritores, psicoterapeutas e conselheiros.

Existencial: Pessoas voltadas para questões fundamentais da existência: Qual o meu papel na família, no trabalho ou na comunidade? Hábeis em relacionar detalhes com o todo. Filósofos e teólogos.

Espacial: Habilidade de visualizar objetos e dimensões espaciais e de criar imagens internamente. Abrange a sensibilidade a cores, linhas, formas, espaço e as relações que existem entre estes elementos. Compreende também a capacidade de se orientar em grandes espaços como metrópoles, florestas, mares e desertos. Neste grupo estão os escultores, arquitetos, urbanistas e navegantes.

Linguística: Habilidade para usar palavras e a linguagem verbal e escrita. Habilidade para falar diversos idiomas. Linguagem como meio de guardar e lembrar informações. Escritores, jornalistas, poetas e oradores.

Interpessoal: Habilidade para entender as intenções, desejos e motivações dos outros. Habilidades de comunicação, relacionamento e persuasão. Políticos, religiosos, professores e vendedores.

Cinestésica: O conhecimento do corpo e a habilidade de controlar seus movimentos. Potencial de usar o corpo para dança e esportes. Dançarinos, mímicos e desportistas.

Estas inteligências não são mutuamente excludentes, agem combinadas e se reforçam mutuamente. Cada pessoa apresenta uma combinação única de inteligências em tipos e graus. Esta combinação define as habilidades criativas do indivíduo, isto é, a sua capacidade de lidar com problemas e oportunidades. Algumas pessoas são compositores criativos, mas podem ser um fracasso como atletas ou ter dificuldades para se relacionar com outras pessoas. Há tantas formas de criatividade quantas são as possíveis combinações dos nove tipos de inteligência.

Criatividade e inteligência

A teoria de Gardner traz uma visão nova e esclarecedora sobre a relação entre criatividade e inteligência e como podemos aprimorar nossas habilidades criativas. Podemos considerar que a criatividade resulta não somente do nosso nível de inteligência, mas também do nosso perfil de inteligência e da escolha de um campo de atividade compatível com este perfil. A criatividade floresce quando há paixão pelo trabalho, e somente há paixão quando temos a oportunidade de seguir nossa vocação e aplicar nossos talentos.

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Cinco dicas para se tornar mais criativo

Mediante a prática constante de algumas medidas simples e pragmáticas você pode fortalecer sua criatividade e capacidade de gerar ideias inovadoras e originais.

1. Formule o problema de uma maneira construtiva e desafiadora

Um comercial da TV diz que o que muda o mundo não são as respostas, mas as perguntas. Perguntas tímidas fornecem respostas convencionais e dentro dos paradigmas vigentes, perguntas vigorosas libertam nossa imaginação e nos levam a explorar novos caminhos e a gerar ideias inovadoras. Nossas habilidades criativas dependem de nossa capacidade de pensar, que por sua vez depende de nossa habilidade de questionar não somente nossas práticas, mas também nossas crenças e suposições.

2. Adie o julgamento e gere muitas ideias

Não dirija com um pé no acelerador e outro no freio, a crítica prematura é grande inimiga da criatividade. A regra mais importante do pensamento criativo é a separação da fase de geração de ideias da fase de avaliação. A violação desta regra, isto é, a permissão de críticas a medida que as ideias surgem, resultará em constrangimentos e inibição da criatividade. Na fase de geração, todas as ideias devem ser anotadas, por mais que pareçam absurdas e revolucionárias. Ideias impraticáveis podem revelar conceitos valiosos para geração de soluções práticas e viáveis.

Somente depois de concluída a etapa de geração e ideias é que entra a etapa para analisar, julgar, criticar, combinar ou aperfeiçoar as ideias surgidas.

3. Avalie as ideias positivamente

Gerar ideias é uma fase crucial do processo criativo, mas não é a única e nem a parte final, como alguns podem pensar. Decidir o que fazer com as ideias geradas, quais aproveitar e quais colocar de lado, é também uma atividade importante e crítica no processo de solução de problemas. Uma colheita descuidada pode por a perder os frutos de uma boa semente.

Terminada a fase criativa, podemos ter algumas dezenas de ideias para examinar e selecionar. Neste ponto, a tendência natural é fazermos uma comparação entre essas ideias, usando critérios de viabilidade técnica, econômica, política, etc. Isto nos conduz a um processo de eliminações sucessivas, até restar uma única ideia. Pode ser um grande erro, pois estaremos usando um critério único para comparar coisas diferentes. Este erro pode nos levar a transformar uma riqueza de ideias numa pobreza de opções constituída somente pelas ideias mais triviais e conservadoras, ou por ideias muito visionárias e impraticáveis. Antes de comparar, classifique as ideias, agrupando-as segundo o grau de inovação.

4. Acredite em si e enfrente o medo de falhar

Sempre que você tenta fazer alguma mudança ou criar algo novo, um dos ingredientes mais importantes é a convicção de que você pode ter sucesso no que está tentando realizar. Você pode ter o desejo e os conhecimentos para realizar o trabalho, mas se não acreditar que pode você nem tentará. O medo de falhar é um dos maiores obstáculos à criatividade e inovação, tanto no nível individual, como no nível organizacional.

No nível individual, o medo de falhar está associado aos temores de parecermos ridículos, incompetentes ou irresponsáveis; de sermos punidos e prejudicados na nossa carreira. Decorre também de nossa educação formal, que nos exige sempre acertar na primeira vez, ignorando o que se passa no mundo real. No mundo real as coisas são bem diferentes, pois temos de lidar com incertezas, e o certo e o errado nem sempre são claros. Para crescer, temos de experimentar, errar às vezes, tentar de novo e aprender com nossos erros e sucessos. A opção de não arriscar e fazer sempre a mesma coisa é a opção pela mesmice e mediocridade.

5. Assuma a responsabilidade pela sua criatividade

A criatividade não é algo que acrescentamos ocasionalmente ao nosso trabalho regular. Ela é um modo de realizar nosso trabalho no dia a dia; é um modo de vida. Para desenvolver a criatividade, devemos praticá-la diariamente, através do cultivo de atitudes e do emprego de técnicas e ferramentas de criatividade em todos os aspectos de nossa vida profissional e particular.

Leia mais sobre as atitudes das pessoas criativas em “As 10 atitudes das pessoas altamente criativas”.

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A árvore dos problemas, uma lição de vida e criatividade

O que você faz com seus problemas no final do dia? Leva-os para casa e os convida para a mesa de jantar? Ao dormir, você permite que eles se deitem na sua cama e transformem seus sonhos em pesadelos?

A maneira como lidamos com nossos problemas diários tem um forte impacto sobre nossa saúde física e mental, sobre nosso desempenho profissional e, especialmente, sobre nossa vida familiar. Se deixarmos os problemas à solta, nossa mente tem a tendência de aumentá-los. Alimentados pelo nosso lado pessimista, problemas normais do dia a dia se transformam e assumem em nossa mente proporções que, na maioria das vezes, não correspondem à realidade dos fatos. As soluções parecem inalcançáveis e somos dominados pelo desânimo e pela falta de criatividade.

Estas reflexões me trazem à memória uma pequena história de autor desconhecido que nos fala de uma maneira criativa de lidar com os problemas da vida e do trabalho, vamos a ela.

A árvore dos problemas

Autor desconhecido

Eu contratei um carpinteiro para me ajudar a restaurar uma velha casa de fazenda. Ele teve um dia de trabalho muito pesado. Um pneu furado fez com que ele perdesse uma hora de trabalho, sua serra elétrica pifou e, no fim do dia, o motor de sua velha camionete se recusou a funcionar. Ele permaneceu totalmente em silêncio, enquanto eu lhe dava uma carona até sua casa.

Ao chegarmos, ele me convidou para conhecer sua família. Quando nos dirigíamos para a entrada da casa ele parou frente a uma pequena árvore e tocou as pontas de alguns galhos com ambas as mãos. Assim que a porta abriu, ele mudou seu semblante totalmente. Sorrindo ele abraçou com alegria seus dois filhos pequenos e beijou sua esposa.

Quando ele me acompanhava até o carro, eu não resisti e perguntei qual o significado do que ele tinha feito quando passamos pela árvore antes de entrar em casa. “Oh, esta é a minha árvore dos problemas”, ele respondeu. “Eu sei que não há como evitar alguns problemas no trabalho, mas de uma coisa estou certo, problemas não devem entrar em minha casa, onde estão minha esposa e meus filhos. Então, eu simplesmente penduro os problemas na árvore antes de entrar em casa. De manhã eu os pego de volta” Ele sorriu e disse: “Uma coisa engraçada, quando eu os pego de manhã, eles são menos numerosos e menos graves do que eram quando eu os pendurei na noite anterior”.

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15 maneiras infalíveis de aniquilar ideias criativas

Quantas vezes você teve uma ideia e ouviu de seu chefe “Não vai dar certo”, ou então “Sim, mas…”?

Frase assassina (killing phrase) é uma resposta desconcertante que sufoca novas ideias, em geral dita por chefes, pais, professores e outras autoridades. A todo momento, somos bombardeados por frases assassinas. Elas reprimem nossa criatividade, inibem nossas iniciativas de inovação e acabam nos tornando céticos e pessimistas. Elas nos fazem pensar duas vezes antes de oferecer uma nova sugestão. Alguns exemplos de frases assassinas:

  1. Esta ideia não está de acordo com nosso jeito de fazer as coisas.
  2. Nós já tentamos isso antes.
  3. Nunca fizemos isso antes.
  4. Parece interessante, mas…
  5. Isto nunca funcionará.
  6. Grande ideia, mas não para nós.
  7. Isto não é de sua responsabilidade.
  8. Vamos ser realistas…
  9. Não está no orçamento.
  10. Parece muito complicado.
  11. Isto é muito radical.
  12. É bonito na teoria.
  13. Não se mexe em time que está ganhando.
  14. Tenho uma ideia melhor.
  15. Vamos designar um comitê para estudar melhor este assunto.

As frases assassinas revelam o medo do novo, o temor da mudança. O objetivo da frase assassina é matar a ideia logo no início, antes que tenha a chance de perturbar o status quo.

Como você reage quando alguém lhe apresenta uma nova ideia? Tem usado algumas destas frases assassinas ou outras similares?

Antes de fulminar uma nova ideia, considere que todas as ideias nascem frágeis e merecem uma oportunidade de mostrarem seus méritos antes de serem julgadas. Haja mais como um jardineiro, que cuida com carinho das pequenas mudas, do que como um coveiro de ideias. Ao invés de ter medo das novas ideias, procure compreende-las e explore suas vantagens e benefícios.

Mais do que nunca, precisamos de grandes ideias para tornar nossas empresas mais competitivas, combater a pobreza e as injustiças sociais, eliminar a insegurança nas grandes cidades, melhorar o ensino, proteger o meio ambiente, e muitos outros desafios.

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12 dicas para pensar criativamente

Uma pequena lista de hábitos, atitudes e truques que podem ajudar a desenvolver o pensamento criativo e suas habilidades de solução criativa de problemas:

  1. Pense sempre de modo positivo sobre suas habilidades criativas.
  2. Valorize a imaginação e a intuição, tanto quanto a razão e o conhecimento.
  3. Seja curioso – não deixe passarem as oportunidades de conhecer e explorar coisas diferentes e interessantes.
  4. Reserve um tempo para meditar, sonhar e explorar novos caminhos sem preocupações imediatas sobre praticidade e viabilidade.
  5. Habitue-se a separar os momentos de criação de ideias dos momentos de avaliação e julgamento.
  6. Desafie os preconceitos, normas e verdades absolutas – as suas, de outras pessoas e da sociedade.
  7. Transforme os erros e problemas em oportunidades de fazer algo diferente.
  8. Crie e explore alternativas – abandone a crença de que há uma única resposta certa.
  9. Tenha mais perguntas do que respostas – o que cria novidades não são as respostas prontas, mas as perguntas que questionam o saber dominante.
  10. Aproxime-se de e conviva com diferentes tipos de pessoas – amplie e diversifique suas relações sociais e profissionais.
  11. Anote imediatamente todas as suas ideias e pensamentos, não confie na memória.
  12. Aprenda e use as ferramentas de criatividade como o Brainstorming, SCAMPER, Mapa Mental para ajudá-lo a desenvolver suas habilidades criativas.

No meu livro Criatividade Aplicada você encontrará tutoriais detalhados e exemplos das aplicações do Brainstorming, SCAMPER, Mapa mental e mais 13 outras ferramentas de criatividade.

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Inovação: As lições do Firefox

FirefoxPoucas organizações tiraram proveito da criatividade das pessoas de fora como a Mozilla Corporation, criadora do navegador Firefox. Trabalhando no sistema de código aberto, a Mozilla depende da contribuição de milhares de voluntários para o desenvolvimento do produto e codificação, distribuição e promoção do software.

Mitchell Baker, presidente da Mozilla, concedeu uma entrevista a The Mckinsey Quartely em janeiro de 2008, onde fala sobre o sucesso do projeto Firefox e sobre como equilibrar disciplina e a liberdade para que pessoas motivadas se dediquem às suas paixões. Segundo Mitchell Baker, algumas lições que as empresas inovadoras podem aprender com a experiência da Mozilla:

Motivação: Um ponto chave é o sentimento de que as pessoas têm a “propriedade” do que elas estão fazendo, no sentido de que estão emocionalmente comprometidas e têm a chance de decidir o que e como fazer. O número de pessoas que sentem que o Firefox é parcialmente delas é muito alto, afirma Baker.

Liberdade: Deixar as pessoas livres é muito importante. Você tem de definir o espaço e a extensão, mas você obtém muito mais do que você espera delas, porque elas não são você. Segundo Baker, a Mozilla cria estruturas para que os colaboradores externos trabalhem a partir delas, sendo criativos onde a Mozilla não consegue ser.

Clareza: Deixar claro o que você deseja é muito importante para obter os benefícios da criatividade dos diversos colaboradores. Se você está fazendo uma coisa e enviando uma mensagem que está fazendo outra, eu penso que você está morto, diz Baker.

Correr riscos: Se você tem um bom grupo de pessoas à sua volta, pessoas em quem confia, em algumas ocasiões pode ser muito importante se afastar quando algo não te agrada. Deixe o problema rolar por algum tempo. A idéia de que um simples individuo é o melhor tomador de decisões para tudo, e que deve ter o controle final, funciona somente em algumas situações. Quando você simplesmente ordena às pessoas que parem o que estão fazendo, você perde seus pensamentos criativos. Se tiver dúvidas, faça perguntas para esclarecer e trocar ideias.

O que você pensa sobre as lições sobre inovação do Firefox? Elas podem ser aplicadas ao seu negócio?

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Programa de sugestões: como obter ideias melhores e úteis

Quando se fala em promover a participação dos trabalhadores nas iniciativas de inovação, o programa de sugestões é uma das ideias sempre presentes. Na maioria das vezes, esta ideia é recebida com um grande entusiasmo. A direção cria expectativas sobre as extraordinárias melhorias e economias que serão obtidas. Os trabalhadores sonham com as possibilidades de prêmios e reconhecimento de seus talentos e criatividade. Usualmente, tudo isso termina com decepções e as caixas abandonadas e poeirentas são os testemunhos de mais uma boa intenção malograda.

As causas principais dos fracassos dos programas de sugestões são a falta de foco e de uma estratégia para promover e direcionar a criatividade da força de trabalho. Normalmente, os programas de sugestões são criados com o objetivo de se obter um grande número de ideias, na esperança de que alguma coisa útil seja colhida deste processo solto e sem rumo. Doce ilusão, pois o que se obtém são ideias impraticáveis, ou que pouco têm a ver com o negócio da empresa e seus problemas mais prementes.

Assim sendo, o desafio que se coloca é a geração de ideias que resolvam problemas específicos ou que identifiquem novas oportunidades relacionadas ao negócio da empresa. Ao lançar um programa de sugestões, devemos cuidar para que a criatividade seja realmente aplicada na solução destes problemas e na busca de novas oportunidades relevantes. Há quatro meios de se conseguir isto:

1. Mude a inovação de reativa para proativa

Ao invés de esperar por ideias que as pessoas queiram submeter, a empresa deve tomar uma atitude proativa e dizer às pessoas sobre que temas específicos elas devem trabalhar. Os temas deverão refletir as preocupações mais urgentes, atuais e relevantes, tais como: redução de desperdícios, atrasos e reclamações; melhoria da qualidade e da produtividade, etc. Agindo assim, a empresa terá um número menor de ideias, mas que serão mais relevantes e práticas.

2. Direcione a criatividade

Focalize seus desafios e oportunidades mais relevantes. Estabeleça quais os Problemas, Oportunidades, Ameaças e Tendências específicas você quer atacar. Expresse estes desafios e oportunidades em ações diretamente ligadas ao dia a dia dos trabalhadores. De novo, esta abordagem reduzirá a quantidade de ideias, mas resultará em ideias que podem ser implementadas e que estão de acordo com as necessidades e prioridades da empresa.

3. Motive sua equipe

Informe sua equipe quais são os principais desafios que a empresa enfrenta e que tipos de mudanças ela precisa fazer para se manter competitiva e lucrativa. Explique as razões de cada tema escolhido e por que a empresa necessita de ideias inovadoras nestes temas. Fale também como as ideias serão avaliadas e como as melhores serão implementadas e premiadas.

4. Prepare sua equipe

Como toda habilidade, a criatividade pode e deve ser aprimorada. Entusiasmo e boa vontade não são suficientes para vencer as barreiras culturais, abandonar os velhos hábitos e superar as deficiências na análise e solução de problemas. Arme sua equipe com as ferramentas básicas de criatividade e solução criativa de problemas. Escolha e treine também facilitadores que apoiarão as equipes no uso destas ferramentas.

Em resumo, se você quer ideias inovadoras e práticas, direcione a imaginação de sua equipe para desafios bem definidos e arme-a com as ferramentas para vencer as barreiras à criatividade e trilhar novos caminhos.

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