O Desafio da Criatividade

Desde o momento em que ensaiamos nossos primeiros passos, tem início um sutil e inconsciente movimento de inibição de nossa criatividade natural. Primeiro em casa, depois na escola e no trabalho, somos instados a andar em terreno já conhecido, seguir a tradição e não “fazer marolas”.

Este processo tem seu lado positivo, pois a vida em sociedade requer a observação de certas regras e costumes. No entanto, traz um efeito secundário pernicioso: o lento, mas inexorável, bloqueio de nossa curiosidade, imaginação e engenhosidade.

O declínio da criatividade

No livro “Ponto de Ruptura e Transformação”, George Land relata os resultados de testes realizados com um grupo de 1.600 jovens nos EUA. O estudo se baseou nos testes usados pela NASA para seleção de cientistas e engenheiros inovadores. No primeiro teste as crianças tinham entre 3 e 5 anos e 98% apresentaram alta criatividade; o mesmo grupo foi testado aos 10 anos e este percentual caiu para 30%; aos 15 anos, somente 12% mantiveram um alto índice de criatividade. Teste similar foi aplicado a mais de 200.000 adultos e somente 2% se mostraram altamente criativos.

George Land e sua colega Beth Jarman concluíram que aprendemos a ser não-criativos. O declínio da criatividade não é devido à idade, mas aos bloqueios mentais criados ao longo de nossa vida. A família, a escola e as empresas têm tido sucesso em inibir o pensamento criativo. Esta é a má notícia. A boa notícia é que as pesquisas e a prática mostram que este processo pode ser revertido; podemos recuperar boa parte de nossas habilidades criativas. Melhor ainda, nós podemos impedir este processo de robotização.

O desenvolvimento da criatividade requer que abandonemos nossa zona de conforto e nos libertemos dos bloqueios que impedem o pleno uso de nossa capacidade mental. Nas palavras do poeta Guillaume Apollinaire, temos de perder o medo de voar:

Cheguem até a borda, ele disse.
Eles responderam: Temos medo.
Cheguem até a borda, ele repetiu.
Eles chegaram.
Ele os empurrou… e eles voaram.

Acredito que todos nós, cada um a seu modo, somos capazes de realizações criativas em alguma área de atividade. Para isso, é necessário contar com as condições certas e com o acesso aos conhecimentos e habilidades apropriadas.

Há um processo que gera criatividade – e você pode aprendê-lo.
Twyla Tharp, dançarina e coreógrafa.

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O segredo da criatividade de Walt Disney

A habilidade de Walt Disney de transformar suas ideias criativas em sucessos comerciais, o qualificam como um gênio do mundo do entretenimento.  O sucesso mundial de seus desenhos animados, espetáculos ao vivo e parques demonstra uma habilidade única de pegar fantasias que só existem na imaginação e criar personagens, enredos e experiências concretas que impactam a sensibilidade de pessoas de diversas culturas.

Robert Dilts, um dos pioneiros da Programação Neuro-Linguística (NLP), estudou o processo criativo de Walt Disney, revelando sua habilidade especial de compreender, sintetizar e simplificar princípios muito básicos, mas ao mesmo tempo muito sofisticados. Revela uma estratégia de pensamento criativo que explora como ordenar e usar as habilidades mentais de sonhar, analisar criticamente e concretizar seus planos. Conforme as palavras de um dos parceiros de Disney:

“… havia na realidade três diferentes Walts: o sonhador, o realista e o desmancha-prazeres. Você nunca sabia qual deles viria para a reunião”.

Walt Disney usava e coordenava sua imaginação (o sonhador), traduzia metodicamente suas fantasias em formas tangíveis (o realista) e aplicava seu julgamento crítico (o crítico).

As três perspectivas do processo criativo de Walt Disney

O Sonhador: aquele que sonho alto e dá asas a imaginação, sem medo, inibições e censura. Tudo é possível, o céu é o limite.

O Realista: aquele que faz as coisas acontecerem. Pensa de maneira construtiva e sabe como planejar, estabelecer prazos e metas, definir responsabilidades e dimensionar recursos.

O Crítico: aquele que se concentra no que pode dar errado e sempre encontra furos nas ideias e nos planos. É essencial, pois sabe como localizar as falhas e possibilita a tomada de ações preventivas para eliminar as causas de problemas potenciais.

Você os reconhece? Provavelmente sim, não somente em si mesmo, mas também em outras pessoas. Cada um de nós traz dentro de si o sonhador, o realista e o crítico. Algumas pessoas são naturalmente mais inclinadas para um destes perfis do que para os outros. Mas isto é bom, pois todas estas três habilidades mentais são necessárias.

 Infelizmente, o que usualmente acontece é que o sonhador, o realista e o crítico entram em conflito e terminam paralisados. O segredo do sucesso é integrá-los de uma maneira produtiva e assegurar que todas as três perspectivas sejam trazidas para a reunião de trabalho no momento adequado. Um sonhador sem um realista não consegue concretizar suas ideias, pois há um momento certo para sonhar, um momento certo para planejar as ações e outro para analisar criticamente e localizar as falhas.

Um crítico e um sonhador sem um realista ficam paralisados num eterno conflito. Um sonhador e um realista podem criar coisas, mas suas ideias podem não ser sólidas sem a ajuda de um crítico. O crítico ajuda a avaliar e refinar os produtos da criatividade.

Bem liderado, um grupo de pessoas que reúne estas três perspectivas forma uma equipe coesa de bons inventores e solucionadores de problemas. Como seres humanos, nós todos temos a habilidade de sermos criativos. Na verdade, ser mais ou menos criativo resulta fortemente da estratégia comportamental que escolhemos. Saber combinar e usar adequadamente as perspectivas de sonhador, realista e crítico é um dos mais importantes componentes desta estratégia.

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Criatividade: mitos e realidade

Algumas ideias equivocadas sobre a criatividade têm levado as pessoas a ignorarem o potencial criativo que existe em cada um de nós. Os mesmos enganos têm levado as empresas a adotarem práticas inadequadas para fomentar a criatividade de suas equipes.

Antes de abordar estas ideias erradas é aconselhável esclarecer o significado do termo criatividade. No contexto deste artigo, criatividade é a habilidade de gerar ideias originais e solucionar os problemas do dia-a-dia. Ser criativo é olhar para as mesmas coisas como todo mundo, mas ver e pensar algo diferente.

O primeiro mito: a criatividade é um dom especial que somente algumas poucas pessoas têm. O talento, a persistência e a concentração podem ser um dom, mas o potencial para ser criativo é algo disponível para todos nós. Muitas pessoas deixam este potencial ser anulado por bloqueios culturais e ambientais e pelo medo de errar e parecerem tolas. Outras usam o potencial criativo ocasionalmente. Recomendo a leitura do artigo Criatividade: Dádiva de Deus ou habilidade aprendida?.

O segundo mito é que as pessoas se tornam mais criativas quando trabalham sobre pressão. A experiência mostra que, sob certas condições especiais, isto pode ser verdade. Contudo, a experiência mostra também que sobre muita pressão, especialmente do tempo, as pessoas se contentam com as primeiras ideias que lhes ocorrem, as mais óbvias. Muita pressão pode reduzir a originalidade das soluções.

O terceiro mito é sobre o poder do dinheiro como motivador da criatividade. O reconhecimento material é um motivador extrínseco, isto é, vem de fora da pessoa. A motivação extrínseca é induzida por outra pessoa ou organização interessada nos resultados do processo criativo. Estudos conduzidos por Teresa Amabile, da Universidade de Harvard, revelaram que a grande força acionadora da criatividade está na motivação para a tarefa executada, no interesse e paixão que as pessoas sentem pelo trabalho. Esta é a motivação intrínseca, que vem de dentro da pessoa criativa. O dinheiro pode influenciar a motivação intrínseca (interna), mas não pode criá-la.

O quarto mito: competição é melhor do que colaboração. Esta ideia pode ser válida para a competição entre empresas, mas é um desastre quando aplicada a grupos dentro de uma organização. A competição interna leva ao isolamento, politicagem, restrições ao fluxo de informações e desperdícios de recursos. De outro lado, a colaboração favorece a polinização cruzada de ideias, o intercâmbio de informações e experiências, fatores importantes para a geração de ideias originais.

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Pensamentos divergente e convergente: o yin-yang da criatividade

O yin-yang são dois conceitos do taoísmo, que expõem a dualidade de tudo o que existe no universo. Descrevem as duas forças fundamentais opostas e complementares, que se encontram em todas as coisas. No reino do pensamento, Yin é a mente intuitiva, criativa e complexa, ao passo que Yang é o intelecto, racional e claro.

O processo criativo é formado por dois tipos distintos de pensamento que se complementam: o pensamento divergente, o yin, e o pensamento convergente, o yang. O pensamento divergente tem o propósito de criar opções, abrir e explorar novos caminhos e gerar uma grande quantidade e diversidade de ideias. O pensamento convergente tem o propósito de avaliar e selecionar as ideias ou conceitos mais promissores.

O sucesso de uma sessão de criatividade, seja usando o Brainstorming ou qualquer outra ferramenta de criatividade, está fortemente condicionado à separação rigorosa da fase de geração de ideias da fase de julgamento e seleção das ideias geradas, de tal modo que se complementem, mas cada uma agindo no seu devido momento.

Pensamento divergente: a criação de opções

Nesta primeira fase do pensamento criativo, procura-se obter um firme e sincero engajamento da equipe pela criação de um ambiente em que as pessoas se sintam seguras e confortáveis em explorar novas perspectivas, questionar as práticas e normas vigentes e expressar livremente suas opiniões. O objetivo é obter uma grande quantidade e diversidade de ideias e criar uma variedade de opções para a fase seguinte.

Há seis diretrizes gerais para fomentar e sustentar o pensamento divergente:

  1. Apresentar o desafio ou problema sob a forma de uma pergunta desafiadora que incite o grupo a pensar “fora da caixa”.
  2. Adiar o julgamento, não permitindo tanto as críticas quanto os elogios.
  3. Encorajar a quantidade e diversidade, anotando cada ideia apresentada.
  4. Apoiar o inusitado, batalhando pelo incomum e estranho e encorajando diferentes perspectivas.
  5. Procurar por combinações de ideias que podem operar juntas.
  6. Construir novas ideias a partir de ideias apresentadas (sem críticas).

Pensamento convergente: fazendo as escolhas

O pensamento convergente é uma forma prática de decidir entre as alternativas existentes. É o momento de analisar criticamente e julgar as ideias geradas na etapa do pensamento divergente e selecionar as melhores ideias com base em critérios previamente definidos.

No entanto, esta fase não se resume simplesmente em passar as ideias por um filtro até que reste uma única ideia. As boas ideias não saem perfeitas e acabadas da fase anterior. A semente de toda inovação é uma ideia altamente especulativa, e inacabada, que precisa ser trabalhada par se tornar viável e prática. Pela sua própria natureza, quanto mais ambiciosa a ideia, mais frágil ela se apresentará, mais falhas terão que ser corrigidas. Nem mesmo as ideias consideradas absurdas devem ser simplesmente descartadas. Elas podem revelar conceitos valiosos que servirão de ponte para ideias mais práticas. Recomendo a leitura do artigo Como Selecionar suas melhores ideias.

No livro Criatividade Aplicada você encontra tutoriais completos sobre as técnicas e ferramentas de criatividade aplicadas na geração, desenvolvimento e seleção de ideias.

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Os sete princípios do pensamento criativo

A criatividade requer uma mente aberta e disposição para enfrentar as convenções, quebrar regras e assumir alguns riscos. Os sete princípios a seguir o ajudarão a fortalecer seu pensamento criativo, gerar ideias inovadoras e obter sucesso na solução de problemas.

  1. Atitude. Atitude é um componente chave de todo empreendimento vitorioso. Como disse Henry Ford: Se você acredita que pode, você está certo. Se acredita que não pode, você também está certo. Atitudes positivas são fortes catalisadoras de energia criativa e agregadoras de habilidades e talentos. Ver-se como uma pessoa criativa é um passo importante para liberar sua imaginação e aproveitar plenamente suas habilidades e conhecimentos.
  2. Desafie as suposições. Conscientemente ou inconscientemente, nós temos crenças que nos impedem de usar a imaginação e resolver os problemas criativamente. Também somos afetados pelas crenças de outras pessoas que nos pressionam para sempre seguirmos os caminhos convencionais e não fugir da mesmice. Na solução um problema, é importante identificar e listar as suposições, convenções e crenças que afetam a sua compreensão, análise e solução. Examine-as criticamente e se livre das que não são verdadeiras ou que se tornaram obsoletas.
  3. Quebre as regras. Certamente não podemos quebrar todas as regras, mas na solução de problemas e na inovação é importante questionar as regras, especialmente quando elas aprisionam nossa mente a velhos hábitos e modos de pensar. Muitas vezes, para seguir adiante é necessário abandonar a estrada principal e tentar caminhos nunca percorridos.
  4. Não tenha medo de errar. Quem não se arrisca, não petisca – nos ensina o velho ditado. As grandes invenções raramente resultam de um golpe da sorte, mas usualmente de uma sucessão de tentativas frustradas até se chegar ao resultado desejado. O antiferrugem WD 40 tem este nome porque a solução somente foi atingida na quadragésima tentativa. Ela foi precedida de 39 tentativas sem resultados satisfatórios.
  5. Há sempre mais de uma solução certa. Na escola somos ensinados que há uma única solução certa. Na realidade, com muita frequência há mais do que uma e, muitas vezes, a primeira resposta que nos ocorre é a menos criativa. Esforce-se para procurar outras soluções de forma que você tenha várias opções para comparar e escolher a melhor.
  6. Suspenda o julgamento. O julgamento prematuro é o caminho certo para bloquear a criatividade. É essencial separar a fase de geração de ideias da fase de julgamento, pois não se pode dirigir com um pé no acelerador e outro no freio. No trabalho em equipe, deve-se ficar atento para os comportamentos que desencorajam as contribuições dos participantes, bloqueiam suas mentes e minam o espírito de equipe.
  7. Persistência. Experimentar e ter alguns fracassos faz parte do processo de geração de ideias e inovação. O segredo do sucesso está na constância de propósito, em manter-se firme apesar dos percalços no caminho. É oportuno lembrar as palavras do historiador grego Heródoto que viveu no século V AC: Alguns desistem de seus projetos quando estão quase atingindo seus objetivos; enquanto outros, pelo contrário, obtêm a vitória empregando, no último momento, esforços mais vigorosos do que antes.

Contudo, você não deve confundir persistência com teimosia. Teimosia é insistir num projeto quando todas as evidências mostram que seus objetivos não são realistas. Quando estamos emocionalmente envolvidos, não é fácil distinguir um objetivo ambicioso e inovador de um objetivo insensato. Às vezes, desistir ou mudar o projeto é a melhor opção.

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A arte das perguntas criativas e desafiadoras

Somos criaturas de hábitos e tendemos frequentemente a ignorar os sinais de mudança e permanecer na nossa zona de conforto. Por comodidade, arrogância ou receio, fechamos os olhos para as incongruências em nossos métodos de trabalho, falhamos em ver oportunidades e rejeitamos ideias que depois nossos competidores exploram com sucesso. Surpreendidos por nossa ingenuidade e falta de visão, só nos resta perguntar: “Por que não pensamos nisso?” Mas, em seguida voltamos a nossa zona de conforto e aos modelos habituais de pensamento, repetindo as ideias de sempre.

Hoje em dia, quando a inovação permanente se tornou um dos fatores essenciais para o sucesso e sobrevivência das organizações, a expressão “pensar fora da caixa” (thinking outside the box) se tornou o mantra de muitos profissionais dedicados à criatividade e inovação. Pensar fora da caixa significa pensar diferente, de forma não convencional, romper com os paradigmas e ideias dominantes.

Mas como escapar da caixa? Como levar nosso raciocínio para outro nível de pensamento? A resposta está nas perguntas que fazemos, no modo como formulamos nossos desafios. Para escapar da caixa precisamos de perguntas vigorosas que somente podem ser respondidas fora dos paradigmas dominantes, muito além das restrições impostas pela maneira atual de pensar. Perguntas cujas respostas explorem novos caminhos e possibilidades, e não que justifiquem as suposições e limitações da situação vigente. Perguntas tímidas fornecem respostas dentro da caixa, perguntas vigorosas libertam nossa imaginação.

Por que não fazemos boas perguntas?

Nossas habilidades criativas dependem de nossa capacidade de pensar, que por sua vez depende de nossa habilidade de questionar não somente nossas práticas, mas também nossas crenças e suposições. Devemos aprender a questionar os limites de nosso pensamento; precisamos repensar nossa maneira de pensar. Resumindo, a qualidade de nossas perguntas determina a qualidade de nossa criatividade. Não há respostas boas e inovadoras para perguntas fracas e tímidas.

Se fazer boas perguntas é essencial, por que não dedicamos mais tempo e energia na criação de perguntas criativas e desafiadoras? As principais razões estão na nossa educação e nas práticas gerenciais de muitas organizações.

A cultura que orienta nossa educação focaliza mais o aprender a “resposta certa”, através da memorização de respostas prontas, ao invés de valorizar a arte de formular a “pergunta certa”. Testes, exames e concursos reforçam o valor de ter a resposta certa. Professores dogmáticos se preocupam mais em disseminar suas convicções do que desenvolver as habilidades de raciocinar e questionar em seus alunos. Alguém já disse: “Não é a resposta que nos ensina, mas a pergunta.”

As práticas gerenciais nas organizações não mostram muita tolerância para as mentes criativas e questionadoras. Essas práticas valorizam mais aqueles que agem rápido e dentro das regras estabelecidas, mesmo que as causas dos problemas permaneçam intocadas e as “soluções” tenham efeitos transitórios. O ritmo rápido dos negócios reduz o tempo disponível para explorar novas possibilidades e oportunidades de inovação. O futuro acaba sacrificado pela correria do dia a dia, as urgências não deixam espaço para as coisas importantes e as perguntas inovadoras não são formuladas.

O que faz uma pergunta vigorosa e desafiadora?

As boas perguntas são aquelas que nos dirigem para fora da caixa e nos levam a explorar novos caminhos, a dar asas a nossa imaginação e procurar respostas não convencionais. Uma pergunta vigorosa:

  • Desperta a curiosidade.
  • Estimula a reflexão e a criatividade.
  • Revela e desafia as suposições e crenças da situação vigente.
  • Abre novas perspectivas e possibilidades.
  • Gera energia e movimento.
  • Canaliza a atenção e promove a investigação.
  • Promove novas abordagens e a cooperação entre pessoas e equipes.
  • Dá origem a mais perguntas.

A arquitetura das perguntas vigorosas

As perguntas vigorosas podem aumentar significativamente a qualidade da reflexão, inovação e ação em nossas organizações, no nosso trabalho e em nossas vidas. Elas têm o poder de se espalharem por toda a organização e de provocar mudanças profundas e em larga escala.

Assim sendo, o conhecimento da estrutura básica de formulação de uma pergunta vigorosa é uma habilidade essencial para se explorar todo o seu potencial. De acordo com os estudos de Eric E. Vogt e sua equipe, as perguntas vigorosas têm três dimensões básicas: construção, escopo e suposições. Outros critérios que devem ser observados na formulação de uma boa pergunta são: singularidade de objetivos, posicionamento e ausência de critérios avaliativos. Estas dimensões e critérios contribuem para a qualidade das ideias, do aprendizado e do conhecimento que surgem da pergunta vigorosa e desafiadora.

1. A construção da pergunta

O modo como a pergunta é construída pode fazer uma diferença enorme na abertura ou fechamento de nossas mentes na consideração de novas possibilidades. Uma pergunta pode ser fechada, levando a somente duas opções, sim ou não, ou pode ser aberta, abrindo uma ampla janela para uma grande variedade de respostas.

A figura a seguir mostra as formas mais usuais de palavras interrogativas que podemos utilizar na construção de uma pergunta.

As perguntas menos vigorosas estão na base da pirâmide e se tornam mais vigorosas à medida que caminhamos para o topo.

Pra ilustrar, considere a seguinte sequência de perguntas:

  • Você está satisfeito com nossos serviços?
  • Quando você teve a maior satisfação com nossos serviços?
  • O que em nossos serviços você considera mais satisfatório?
  • Por que será que nossos serviços têm seus altos e baixos?
  • Como podemos melhorar nossos serviços aos clientes?

À medida que nos movemos da pergunta sim/não para perguntas cada vez mais abertas e vigorosas, as questões tendem a estimular pensamentos mais reflexivos e instigantes. As questões baseadas nas perguntas mais vigorosas provocam pensamentos mais criativos e profundos. Um modo usual de formular uma pergunta vigorosa e desafiadora é iniciá-la com as seguintes expressões seguidas de um verbo de ação (realizar, melhorar, aumentar, reduzir, ampliar, atrair, criar, etc.) e do objetivo a ser alcançado.

  • Como podemos …?
  • De que maneira podemos…?
  • Como…?

Uma nota de precaução: o uso do interrogativo por que deve ser feito com cuidado para evitar posições defensivas por parte dos respondentes. A pergunta deve ser estruturada de forma a gerar curiosidade e o desejo de esclarecer as causas do problema analisado, ou de explorar possibilidades ainda não pensadas. Uma variação útil é o por que não?

2. O escopo da pergunta

Além dos cuidados na escolha das palavras na formulação pergunta, é também muito importante a adequação do escopo da questão às nossas necessidades e intenções. Considere as três perguntas a seguir:

  • Como podemos melhorar a qualidade do produto X?
  • Como podemos melhorar a qualidade de nosso departamento?
  • Como podemos melhorar a qualidade de nossa empresa?

Neste exemplo, as perguntas ampliam progressivamente o escopo do desafio, considerando sistemas cada vez mais abrangentes. Para tornar as perguntas vigorosas e objetivas, defina o escopo do modo mais preciso possível para mantê-lo dentro de limites realistas e conforme as necessidades da situação em que esteja trabalhando. Não vá além e nem fique aquém do necessário.

3. As suposições embutidas na pergunta

Quase todas as perguntas que fazemos trazem embutidas, de forma explicita ou implícita, suposições que podem ou não ser compartilhadas pelo grupo envolvido na exploração de novas ideias. Por exemplo, a pergunta “Como reduzir os preços de nossos produtos para torná-los mais competitivos?” assume que preços altos são a causa da falta de competitividade. Esta suposição pode não ser compartilhada por todas as pessoas do grupo de estudo, criando decepções, desmotivação e outras atitudes negativas. Como formulada, a pergunta direciona a solução e restringe a exploração de alternativas, deixando de fora ideias relacionadas à qualidade, produtividade, ações de marketing, canais de distribuição, serviços, etc., que podem ser também exploradas.

Para formular perguntas vigorosas, é importante estar ciente das suposições e usá-las adequadamente. É sempre aconselhável examinar a pergunta e identificar as suposições e crenças embutidas e como elas podem ajudar ou dificultar a exploração de novos caminhos de pensamento. As boas perguntas:

  • Ampliam as perspectivas e estimulam a cooperação entre os envolvidos.
  • Não incluem soluções e nem direcionam ou limitam a exploração de alternativas.
  • Não incluem suposições ou suspeitas de erros e culpas e evitam atitudes defensivas.

Esclarecendo ou alterando as suposições, podemos mudar o contexto da pergunta e criar novas oportunidades de inovação.

4. Singularidade de objetivos

Cada desafio deve ter apenas um objetivo. Múltiplos objetivos podem tornar o desafio difícil e criar conflitos sobre as prioridades do desafio. Considere este exemplo de desafio: “Como podemos nos diferenciar de nossos competidores e aumentar radicalmente o consumo de nossos produtos?” Ele tem dois objetivos que devem ser separados. Uma formulação mais adequada poderia ser:

  • Como nos diferenciar de nossos competidores?
  • Como podemos aumentar o consumo de nossos produtos?

Neste caso, uma decisão deve ser tomada sobre a escolha do objetivo principal e do objetivo secundário.

5. Posicionamento

O posicionamento é um tipo de orientação aplicada na definição do escopo do desafio primário, de modo a enriquecer o debate e a geração de ideias. Compare as duas perguntas seguintes:

  • Como podemos nos tornar o melhor departamento da empresa?
  • Como podemos nos tornar o melhor departamento para a empresa?

Uma pequena mudança altera totalmente as regras do debate. A primeira pergunta isola o debate dentro dos limites do departamento. A segunda pergunta permite ampliar o debate e trazer contribuições de todos os outros departamentos da empresa e de pessoas de fora.

6. Ausência de critérios avaliativos

A inclusão de critérios de avaliação das respostas nos desafios de inovação é um erro muito comum. Misturar as etapas de geração de ideias com o julgamento das mesmas é uma falha grave que inibe a criatividade. Além de inibir a criatividade, o julgamento prematuro gera o descarte de ideias que poderiam ser melhoradas ou servir de gatilho para novas e melhores ideias. Um exemplo de desafio que inclui critérios avaliativos: “Como podemos reduzir o tempo de processamento dos pedidos dos clientes e, ao mesmo tempo, aumentar significativamente a satisfação dos clientes e dobrar as receitas geradas por estes serviços.

A boa prática recomenda isolar os critérios avaliativos e usá-los somente na fase de julgamento das ideias. Assim teríamos:

  • Desafio reformulado: Como podemos reduzir o tempo de processamento dos pedidos dos clientes?
  • Critérios de avaliação: (1) melhoria da satisfação dos clientes e (2) aumento de receitas.

Pelo entendimento e consideração consciente das três dimensões e dos três critérios, podemos aumentar o poder desafiador de nossas perguntas e, como resultado, melhorar e aumentar nossa habilidade de gerar ideias criativas e inovadoras. Boas perguntas nos ajudam a romper os bloqueios mentais, incentivam a criatividade, promovem a cooperação, nos levam a múltiplas respostas e criam variadas alternativas. Perguntas fracas e tímidas nos mantêm prisioneiros das formas tradicionais de pensar e fornecem respostas convencionais e óbvias.

Referência: Vogt, Eric E. & Brown, Juanita & Isaacs, David. The Art of Powerful Questions. www.theworldcafe.com

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Como as ideias surgem?

Nos filmes e nos livros de ficção, as ideias criativas parecem surgir de repente e do nada, frutos de um momento misterioso e inexplicável, ou de um feliz acidente. Algumas ideias são frutos do acaso, mas esta não é a regra. Thomas Alva Edison, um dos maiores inventores de todos os tempos, tinha uma visão totalmente diferente do processo criativo: O gênio é 99% transpiração e 1% inspiração. Eu nunca criei algo de valor acidentalmente, nem fiz nenhuma de minhas invenções por acidente. Elas surgiram do trabalho. Pablo Picasso também tinha idêntica opinião: A inspiração existe, mas ela deve encontrá-lo trabalhando.

No livro A Techique for Producing Ideas (Editora McGraw-Hill), James Webb Young, publicitário, conclui que a produção de ideias é um processo de produção similar a uma linha de montagem, seguindo uma técnica operativa que pode ser aprendida e aperfeiçoada pela prática. Ele acredita que esta técnica é tão simples que poucas pessoas a percebem e acreditam nela. No entanto, alerta que, apesar de simples, esta técnica requer um trabalho intelectual muito árduo, e que poucos aceitam usá-la.

A técnica preconizada por James Webb Young se fundamenta na combinação de Princípios e Método.

Combinação e conexão: as fontes de ideias inovadoras

Dois princípios se destacam na geração de ideias. O primeiro nos diz que uma ideia é nada mais que a combinação de elementos já existentes. Em consequência, o segundo princípio importante é que a capacidade de utilizar elementos distintos para novas combinações depende largamente de nossa habilidade de ver relações, especialmente quando elas são remotas ou aparentemente não existem.

Estes dois princípios esclarecem as grandes diferenças entre mentes criativas e não criativas. As mentes não criativas veem cada fato como uma porção isolada de conhecimento. As criativas veem cada fato como um link numa cadeia de conhecimentos que têm conexões e similaridades. As ideias inovadoras nascem da percepção e exploração destas conexões e similaridades. Algumas ilustrações muito atuais das aplicações destes princípios são as combinações entre TV, celular, computador e internet. Outras são as aplicações da nanotecnologia na medicina, na indústria têxtil, na metalurgia, na lavoura e outros setores.

O hábito mental que nos conduz à procura de conexões entre fatos e disciplinas distintas aparece como um hábito de mais elevada importância na produção de ideias.

A arte de produzir ideias

Com estes dois princípios na mente – o princípio de que uma ideia é uma nova combinação, e o princípio que a habilidade de fazer novas combinações é fortalecida pela habilidade de ver relações – vamos ver agora o método que nos ajuda a colocar em prática estes dois princípios.

A técnica de produção de ideias segue seis passos numa sequência bem definida. Individualmente, estes seis passos são bastante conhecidos, mas o ponto importante é o reconhecimento de suas relações e do fato que nossa mente segue estes seis passos, mesmo que às vezes não estejamos conscientes do processo.

Nota: o método de James W. Young consiste de cinco passos, correspondentes aos passos 2 a 6 descritos a seguir. O passo 1 é um acréscimo que faço, por considerar fundamental a clara definição do problema a ser solucionado ou da oportunidade a ser explorada, especialmente nos trabalhos em equipe.

Os seis passos do método de produção de ideias:

Passo 1: Formulação do desafio

Uma boa formulação do desafio deve perguntar o que fazer para se obter a solução de uma situação indesejada ou para converter uma oportunidade em um benefício ou vantagem. O desafio deve ser colocado de uma forma que desafie e estimule a nossa imaginação e nossas habilidades criativas e nos leve a explorar novas perspectivas, combinações e conexões. Algumas boas formas de iniciar a formulação de desafios: Como podemos …?; De que maneira podemos …?; E se …?

Passo 2: Obtenção de matéria prima

Procura de matérias primas (fatos, dados, informações, etc.), tanto as relacionadas diretamente ao problema a ser solucionado, como aquelas que enriquecem seu estoque de conhecimento, sua cultura geral. A permanente curiosidade sobre o que acontece à nossa volta e fora de nosso campo de trabalho pode resultar numa valiosa fonte de ideias. Muitas ideias criativas resultam do cruzamento e combinação de conhecimentos específicos com conhecimentos gerais.

Passo 3: Processar a matéria prima

Deixar sua mente trabalhar sobre a matéria prima obtida. Esta é uma etapa demorada e difícil de ser descrita em termos concretos, pois se passa integralmente dentro de sua mente. Consiste no exame cuidadoso do material coletado, no sentido de tentar entender o significado de cada elemento e identificar diferenças, semelhanças, relações e outras conclusões que podem ser obtidas do conjunto de fatos e dados obtidos.

Passo 4: Incubação

Neste estágio, sem nenhum esforço direto ou pressão, deixe sua mente digerir o resultado da etapa anterior e trabalhar na síntese do conhecimento obtido. Boa parte desta etapa pode se passar no nível do inconsciente. Dedique seu tempo a atividades que estimulem sua imaginação e emoções, como ouvir música, ir ao teatro ou cinema, ler, andar, dançar, pescar e outras atividades relaxantes.

Passo 5: Nascimento da ideia

Este é o momento em que a ideia surge, não como um passe de mágica, mas como o resultado do trabalho realizado nas etapas anteriores. Muitas ideias podem surgir, e é importante que este fluxo de ideias não seja prematuramente interrompido. Receba as ideias como elas chegam, sem julgamentos apressados. Agindo assim, estará pondo em prática o terceiro importante princípio criativo: separe o momento de geração (pensamento divergente) do momento de julgamento das ideias (pensamento convergente). Não pise no freio ao mesmo tempo em que pressiona o acelerador. 

Passo 6: Seleção e desenvolvimento de ideias

Terminada a geração de ideias, chega o momento de avaliá-las segundo os critérios apropriados de viabilidade, praticidade, utilidade, economia, e identificar as mais promissoras. Considere sempre que nenhuma ideia nasce perfeita e acabada. A semente de toda inovação é uma ideia altamente especulativa e inacabada, que precisa ser trabalhada para se tornar viável e prática. Pela sua própria natureza, quanto mais ambiciosa a ideia, mais frágil ela se apresentará, mais falhas terão que ser corrigidas.

Este é o método de produção de ideias. Como disse antes: simples na sua estrutura, mas requer um árduo trabalho intelectual. Você deve conhecer algumas pessoas cujas ideias surgem de repente, como uma faísca, sem passarem por este processo disciplinado. Se você, como a maioria de nós, não é umas dessas pessoas, a prática deste método pode ajudá-lo a desenvolver suas habilidades criativas, a explorar novas combinações e conexões e expandir a sua capacidade de geração de ideias inovadoras.

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Criatividade: Procure pela segunda resposta

Um dos mais importantes motivos que levam ao envelhecimento das organizações e à perda de competitividade é a tendência natural de enxergar os problemas, e tentar resolvê-los, através do prisma do passado. As premissas e ideias que fizeram sentido no passado podem não ser as mais adequadas para enfrentar os desafios do presente.

Quando as pessoas têm um problema, elas usualmente se contentam, com a primeira resposta certa que encontram. De um modo geral, a primeira resposta é simplesmente a repetição de respostas que deram certo no passado. Isto pode ser satisfatório em algumas situações, mas se você quiser inovar é necessário ir além das respostas usuais e procurar por uma segunda resposta certa, ou uma terceira, quarta e outras mais. A primeira resposta costuma ser o que funcionava antes, mas provavelmente não será uma boa resposta para os novos desafios. As outras respostas costumam ser mais criativas e explorar novos caminhos até então ignorados, ou mesmo evitados.

Há uma historia entre os índios americanos que ilustra o que foi dito acima. O velho curandeiro tinha a tarefa de indicar aos guerreiros as trilhas que eles deviam seguir para caçar animais e suprir alimentos para a tribo. Ele orientava os guerreiros traçando as trilhas de caça num couro de búfalo.

Quando a caça nessas trilhas se esgotava e começava a faltar alimentos, os guerreiros procuravam o velho curandeiro para que ele consultasse os espíritos e indicasse novas trilhas. Ele pegava um couro e o colocava ao sol para secar. Em seguida, fazia suas orações e desdobrava o couro que estava cheio de estrias e sulcos. Ele marcava alguns pontos de referência e usava estas estrias e sulcos do couro seco para traçar ao acaso novas trilhas; um novo mapa estava pronto. Ele sabia que a coisa certa a fazer era obrigar os guerreiros a saírem das velhas trilhas a que estavam acostumados e se aventurarem por regiões inexploradas.

Seguindo sempre a mesma trilha, você irá aos mesmos lugares onde sempre foi e terá o que sempre teve. No caso de caça, terá cada vez menos.

O que sua equipe tem obtido com as respostas e soluções de seus problemas? Mais, a mesma coisa ou menos? Já não estaria na hora de procurar novas trilhas e novas respostas?

 

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Inovação: As lições do Firefox

FirefoxPoucas organizações tiraram proveito da criatividade das pessoas de fora como a Mozilla Corporation, criadora do navegador Firefox. Trabalhando no sistema de código aberto, a Mozilla depende da contribuição de milhares de voluntários para o desenvolvimento do produto e codificação, distribuição e promoção do software.

Mitchell Baker, presidente da Mozilla, concedeu uma entrevista a The Mckinsey Quartely em janeiro de 2008, onde fala sobre o sucesso do projeto Firefox e sobre como equilibrar disciplina e a liberdade para que pessoas motivadas se dediquem às suas paixões. Segundo Mitchell Baker, algumas lições que as empresas inovadoras podem aprender com a experiência da Mozilla:

Motivação: Um ponto chave é o sentimento de que as pessoas têm a “propriedade” do que elas estão fazendo, no sentido de que estão emocionalmente comprometidas e têm a chance de decidir o que e como fazer. O número de pessoas que sentem que o Firefox é parcialmente delas é muito alto, afirma Baker.

Liberdade: Deixar as pessoas livres é muito importante. Você tem de definir o espaço e a extensão, mas você obtém muito mais do que você espera delas, porque elas não são você. Segundo Baker, a Mozilla cria estruturas para que os colaboradores externos trabalhem a partir delas, sendo criativos onde a Mozilla não consegue ser.

Clareza: Deixar claro o que você deseja é muito importante para obter os benefícios da criatividade dos diversos colaboradores. Se você está fazendo uma coisa e enviando uma mensagem que está fazendo outra, eu penso que você está morto, diz Baker.

Correr riscos: Se você tem um bom grupo de pessoas à sua volta, pessoas em quem confia, em algumas ocasiões pode ser muito importante se afastar quando algo não te agrada. Deixe o problema rolar por algum tempo. A idéia de que um simples individuo é o melhor tomador de decisões para tudo, e que deve ter o controle final, funciona somente em algumas situações. Quando você simplesmente ordena às pessoas que parem o que estão fazendo, você perde seus pensamentos criativos. Se tiver dúvidas, faça perguntas para esclarecer e trocar ideias.

O que você pensa sobre as lições sobre inovação do Firefox? Elas podem ser aplicadas ao seu negócio?

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Os 9 princípios de inovação do Google

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Em entrevista a Fast Company (www.fastcompany.com), Marissa Mayer, Vice Presidente da Google Inc. fala sobre os nove princípios de inovação adotados pela Google e fornece valiosas informações sobre sua política empresarial e sobre algumas das razões para o seu inigualável sucesso.

1. Inovação e não a perfeição instantânea

Trata-se de uma escolha difícil. Lançar um produto antes que ele esteja perfeito e ser o primeiro a comercializá-lo, ou gastar meses no seu aperfeiçoamento e se arriscar a um fracasso quando lançado no mercado?

A Google optou por não esperar pela perfeição e lançar logo seus produtos. Usa as reações do mercado para refinar seus produtos de acordo com as reais necessidades dos usuários.

2. Ideias vêm de toda parte

A Google espera que todos tenham ideias: executivos, gerentes, empregados e usuários. A empresa mantém um fórum interno permanente e encoraja os empregados a publicar novas ideias e submetê-las aos seus colegas para análise e melhoria. As melhores ideias são votadas e sobem para o topo da lista. Os comentários dos colegas levam a novas e melhores ideias.

3. Licença para seguir seus sonhos

Os engenheiros podem dedicar 20% do tempo em suas ideias. Têm liberdade para escolher temas que os interessam e que julgam vir a ser valiosos para a empresa.

4. Transforme os projetos, não os descarte

Qualquer projeto que foi suficientemente bom para passar pelo processo de filtragem, mas que não foi aprovado pelos usuários, provavelmente tem uma semente ou algo interessante em algum ponto que possa ser aproveitado. A ideia deve ser trabalhada e transformada em algo que o mercado deseja.

5. Compartilhe informações o máximo que puder

Através da intranet, os empregados são informados do que está acontecendo com os negócios e o que é importante. Além disso, todos os empregados informam por e-mail o que fizeram na semana anterior. Estas informações vão para uma página na intranet. Assim qualquer um tem acesso a quem está trabalhando em que, evitando duplicidades.

6. O foco é nos clientes, não no dinheiro

A Google acredita que se concentrar nos clientes o dinheiro entra naturalmente. Se trabalhar em produtos que os usuários necessitam, eles pagarão por eles.

7. Os dados são apolíticos

As decisões sobre projetos são tomadas com base em dados e não ditadas por preferências ou gostos pessoais.

8. Criatividade ama restrições

As pessoas pensam sobre a criatividade como uma coisa sem freios, mas a engenhosidade floresce em situações de restrições. Os engenheiros amam enfrentar desafios e resolver problemas difíceis.

9. Recrute pessoas brilhantes

Pessoas brilhantes estabelecem para si mesmos elevados padrões de desempenho. Elas querem trabalhar em projetos importantes e criar grandes coisas para o mundo.

É claro que o que serve para a Google Inc. pode não ser totalmente aplicável ou adequado para outras empresas. Cada empresa é única, com seus próprios valores, desafios e dificuldades. Mas vale a pena refletir sobre este nove princípios e ver como podem ser adaptados.

O que você pensa sobre estes nove princípios? Eles podem ser aplicados ao seu negócio? Que adaptações você faria?

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